E ela acordou pensando nele. Como poderia ter tanta coisa por dentro, tanto sentimento? Ela tinha um medo tão grande de se perder nele. De não encontrar mais o juizo, de entregar mais do que deveria. “A gente não se envolve”. Eles concordaram. Ela esqueceu. Que pessoas têm sentimentos, e não chips.
Ela mandou um email, suma da minha vida, por favor. Ele não respondeu e não sumiu. Continuava aparecendo toda quarta-feira, abrindo a porta encostada e derramando todo o prazer que ela queria. Conversavam sobre Dostoievski na cama, discutiam Tarantino na sala, bebiam vinho tinto seco.
E ele saía com a mesma mão vazia com que entrara, e deixava nela um gosto de veneno, desses que descem ardido e rolam vazios pelo estômago. Ardido. Ele era líquido feito água, escorria pelos dedos. Ela tinha medo de se apaixonar por algo que não coubesse na mão inteira.Às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão.
Fiódor Dostoiévski
Mês: dezembro 2009
Isso que é amor
– Eu odeio essas cicatrizes na minha barriga.
– Eu adoro.
– Ã?
– Se não fosse por elas você não estaria aqui. Comigo.
PS: Pra quem não sabe, já fiz três cirurgias complicadas. Apêndice, ovário e vesícula. Sobrou quase nada do lado direito! 🙂
Quer saber o quê?
Entrei de gaiato em outro navio, meu povo. Chama-se Formspring Me. Mais um vício besta pra minha vida.
Uma ferramenta muito interessante pra vocês, principalmente. É só ir lá, me perguntar qualquer – qualquer – coisinha, que eu respondo. Atenderei às suas dúvidas. Quase um “fala que eu te escuto” virtual.
Então, aproveitem! Entrem no link e me perguntem qualquer coisa! E se deixarem o nome eu respondo direitinho, prometo!
www.formspringme.com/micastino
Ah, o link vai ficar permanente na barra lateral à direita aqui, nos widgets. Sempre que quiserem ir lá, serão bem vindos!
Sobre o amor
Às vezes eu tenho uma única certeza: o amor.
Foi só eu soltar essa frase no twitter ontem pra começar a chover um monte de resposta a respeito do assunto.
Comecei o dia assistindo à alguns episódios antigos de Sex and the City, e isso serviu como uma bela e gorda ficha caindo em mim. O mundo continua buscando o amor como uma intocável pedra preciosa em cima da montanha mais alta. Como se para ter amor fosse preciso batalhar muito, vencer obstáculos e se machucar.
Amor não é recompensa. O amor vem pra quem acredita nele, como todas as outras crenças da vida. Se você não acredita, ele não existe.
Eu passei anos da minha vida em busca do príncipe encantado, o cara, o Mr. One, aquele com quem eu fosse passar o resto da minha vida com a certeza inabalável de que ainda quero o resto da minha vida com ele. E eu aprendi, depois de 7 anos muito conturbadinhos: príncipe encantado é ficção e deveria ser proibido nas histórias infantis. Somos todos seres humanos que machucam, decepcionam, se machucam e se decepcionam.
A não ser que você tenha um caso com um amigo imaginário, príncipes não existem. O que existe são meninos (porque todos os homens são meninos), com muito amor pra dar, mas também cheios de medos, traumas, cicatrizes – meninos incrédulos no amor.
E meninas também. Muitas.
Mas há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata. (Clarice Lispector)
Recebi tantas mensagens ontem: “O amor é minha única dúvida”. E foi aí que entendi o porque dessa busca incessante pelo intocável amor. A gente espera demais dele. A gente acha que o amor virá pra transformar as nossas vidas, preencher nossos corações com um calor eterno, deixar-nos cheios de certezas. E eu garanto pra vocês, o amor também traz muitas dúvidas.
Eu já disse aqui uma vez, amor e paixão são coisas completamente diferentes. Paixão é dopamina, é vício. Amor é ocitocina, é calma. Antes de tudo, há de ser definido o que você está buscando.
É claro que todo amor, geralmente, começa com um paixão, avassaladora ou não. Mas as pernas trêmulas, o frio na barriga, as noites de insônia, tudo isso tem um dia pra acalmar. E então surge o amor. O respeito. A certeza de que você ama alguém, independentemente de seus defeitos. E o mais importante: independente de estarem juntos ou não.
Isso é amor. Um sentimento que preenche, mas não te salva. É o que te faz soltar e ter a certeza de que se amam, apesar de tudo. Não é paixão, não é necessidade. É companheirismo, fidelidade, amizade. Principalmente amizade.
Por isso que eu digo que muita gente está em uma busca perdida pelo amor. Porque o amor não é paixão. O maior amor do mundo vem em outras formas. Pra mim, amor é sentir a respiração do meu cachorro quando ele deita na minha barriga e encosta o fucinho no meu rosto. Isso é o amor mais lindo.
Amor é um amigo te telefonar no meio do dia, a quilômetros de distância, pra saber se você está bem. É a tua avó fazer aquele bolo de fubá que você ama só porque você irá visitá-la na quinta-feira. Amor é uma partida de cartas com a tua família, uma panela de brigadeiro dividida.
O amor não cria expectativa. Ele é a certeza.
Amor vem em todas as formas. Formas não-humanas. Um rabinho balançando com a maior felicidade do mundo quando você chega em casa. Formas humanas. É um sorriso aberto e um abraço apertado de uma criança que queria te encontrar.
Pra mim, amor não é uma vida apaixonada. Amor é ele ir à noite me encontrar no centro pra não me deixar voltar sozinha pra casa.
Amor são pequenos gestos. É a certeza de que alguém está ali por você, não importa a situação. Incondicionalmente.
Por isso aquele velho ditado, case-se com quem você gosta de conversar. No final, é a única coisa que fica.
Nada mais sábio que isso. A paixão sempre morre aos poucos. O amor fica. Se fica, é amor. Se é amor, fica. Não há lei mais exata do que essa.
Agora, acredite nele. Busque-o, mas não se desespere. E não espere demais dele, não crie expectativas. O amor existe sim. E acontece a toda hora, quando você menos esperar. Só não acredite em príncipe encantado.
Leia também: Sobre casamento, amor e paixão
Do something amazing today…
Give blood.
A semana tá corrida. 48 horas de trabalho, só um dia de folga, pré-Natal (isso é outra coisa, Milena!!), enfim. Quase sem tempo pra postar, embora eu me afogue no twitter.
Queria contar aqui – e enfatizar mais uma vez – que fui doar sangue ontem. Finalmente calhou do posto de doação ser aqui perto de casa, em um horário em que eu não estaria na loja.
Saí da goiabeira e fui pra lá. Instituição “Give Blood”. Tinha marcado pras 15:55, cheguei cedo. O lugar parecia uma cena da Cruz Vermelha, meio angustiante, um monte de maca improvisada num salão de igreja.
Preenchi um formulário e fiz uma entrevistinha. Quando falei que era Brasileira só faltou descerem aqueles caras vestidos de “astronautas” do teto e me colocarem numa redoma de vidro. Pegaram o mapa-mundi, me mandaram apontar onde era a minha cidade e tal. Sorte que Sampa era laranjinha, se fosse vermelha era capaz de me estudarem. Me passaram uma lista de lugares no Brasil pra saber se eu já fui, Roraima, Acre, Mato Grosso. Não, minha senhora, eu passei a vida numa megalópole, manja? Lá só rola mosquitinho de luz.
Depois da longa entrevista, tiraram uns três tubinhos de sangue pra testar contra Chagas, Malária e essas coisas de terceiro mundo. Aí doei. Tempo recorde de agulha: 5 minutos. Nunca doei tão rápido. Uma pint de sangue (mais de meio litro).
O que me chamou a atenção foi a quantidade de cabelinhos brancos doando sangue. De jovem, só vi eu e uma menina. O resto era tudo idoso, achei lindo.
Mas, comentários a parte, o certo é que sempre me sinto muito humana. A sensação de doar alguma coisa em vida é muito gratificante. E desejo mesmo que vocês sintam isso. Não precisa ser O positivo, doador universal, como eu. Bancos de sangue precisam de todos os tipos. Mas ainda acho que quem é O positivo deveria se sentir obrigado a doar.
Sério, gente, não dói e demora – no máximo – 10 minutos. Talvez você se sinta meio molinho ou com sono depois, mas nada demais. Em 20 horas teu corpo já terá recuperado o sangue perdido. O único cuidado é beber bastante líquido e comer bem. De resto, fica a sensação de paz de espírito.
Em 10 dias receberei minha carteirinha de doadora do Reino Unido, se meu sangue estiver bem. A vantagem é que, além de ajudar, você ainda faz um check up de graça e rapidinho!
Procure se informar onde você mora. São Paulo tem a Fundação Pró-sangue, a Inglaterra tem a Give Blood. Veja quando fica mais fácil pra você e salve vidas. Talvez um dia você ou algum conhecido precise! 😉
Segundona OFF
Incompleta
Sei que um dia ela olhará pra tudo isso e morrerá de rir. O quanto os olhos dela brilham quando fala nele. Ontem a noite foi uma criança phoenix, ressurgiu de um pózinho guardado em algum lugar no coração. Não que faltasse amor, faltava era paixão mesmo. Mas ela sabia se apaixonar de novo e ele também. Por pessoas diferentes, por coisas diferentes, por eles mesmos. E foi assim, tão assim, que até saudade ele deixou. Foi embora com um pedaço dela de novo. Incompleta.
Ela diz que não se entrega, mas se entrega toda, até demais. Tenta segurar e não consegue. Força, Ana, força. Força o cacete, eu quero mais é amar até dizer chega.
Ela é movida por espasmos involuntários, borboletas na barriga, coração batendo forte, orgasmos múltiplos. Vou ser feliz e já volto. É o que ela sempre diz.
E termina o dia com a maquiagem borrada, hálito de álcool e um sorriso de canto. Dorme assim, feliz. E volta. Adora se sentir incompleta.
Passa amanhã
Um dia de folga por semana tá me espremendo até a última gota. Ontem foi um deles.
Acordei tarde, demorei horas pra tirar o pijama. Tinha uma “to do list” bem facinho:
– Arrumar a casa,
– Limpar o banheiro,
– Lavar a louça,
– Responder 3 emails,
– Ir ao médico pegar meu anti-concepcional,
– Emendar o médico com academia (só 1 hora e meia, Milena, não vai morrer…)
O que eu fiz? Item 2. Limpei o banheiro. Só. O resto ficou esperando na medida em que minhas pantufas de vaquinha esquentavam meu pé. O dia foi alternado entre sofá, twitter, televisão e cama. Não necessariamente nessa ordem.
Quando o gringo chegou eu estava um fiasco feliz. Sem maquiagem, descabelada, dane-se (se o @edutestosterona tivesse me visto ontem JAMAIS me colocaria na lista de hot girls do twitter…)
Tratei de me arrumar um pouquinho mais – tipo, pentear o cabelo e colocar uma roupinha que não me lembrasse faxineira.
Hora de dividir um vinhozinho e aproveitar a longa noite com ele. Gostosinha. Porque hoje, meus queridos, pra mim é segundona. Nada de pantufas de vaquinha, trabalho até às oito da noite.
Segunda tenho o único dia de folga da semana que vem, e juro que vou ter que tomar uma dose de boa vontade bem grande e ir na academia. E, e, e pegar meu anticoncepcional, porque se eu não tomar na Quarta, estarei fritinha.


