Eu já deixei de tentar entender. Já passei da fase em que repensava todos os nossos passos e analisava meticulosamente teus sentimentos por mim. Sabe, sempre fui muito de ponderar gostos e desgostos, apreço e desprezo. Sempre preferi analisar riscos e arcar com as consequências dos meus atos e, meu bem, meu coração sempre foi de vidro, embora bem vagabundo.
Não sei há quantos anos você está na minha vida; posso até parar alguns segundos para contá-los dedo a dedo, mas prefiro acreditar que desde sempre. Não entendo o motivo, não entendo tudo isso que nos une, mesmo quando estamos separados, mas não faço questão de entender. Foram anos sem contato e ainda assim – eu sei, você sabe – o pensamento ia e voltava. E quando você volta, eu sou pura inexplicação (inventei esta palavra para nos explicar).
A tua presença me faz bem, ainda que tua ausência tenha me rasgado o estômago e esmagado minhas entranhas com as mãos. Ainda que sua falta de amor tenha sido tão desertora comigo – mas o que não foi esta fase, senão apenas um aprendizado de nós dois, a exposição das nossas partes mais frágeis para que ainda continuássemos juntos? Tua presença me faz bem, isso basta. E sei que te faz bem também.
Estou feliz que tenha voltado. Que tenhamos entendido os desentendidos, embora ainda não faça a menor ideia de que lugar você ocupa em mim. Você é o meu melhor e o meu pior, você traz à tona todas as minhas facetas. Mas a diferença entre todos os outros é que nos piores momentos da minha vida, você sempre esteve ao meu lado. Segurando a minha mão e me lembrando que eu não sou esse poço de escuridão. Que minhas fases não me definem. E se isso não for amor eu juro que não sei mais o que é.