Às vezes ela queria voltar atrás, quem sabe, aquela mesa de bar. O toque na mão direita com o polegar que parava o mundo em volta. Os olhos silenciosos que diziam tanta coisa, as risadas óbvias de quem era feliz. O frio no estômago, a primeira vista, o primeiro abraço. O calor do corpo que explodia em um desejo mútuo de largar tudo e deixar acontecer. A pergunta sussurrada no ouvido “você está feliz?”.
Ela está sentada sozinha na mesma mesa onde se conheceram. Já se passaram dois anos. Ela rodeia a borda do copo de cerveja com os dedos de uma maneira que qualquer um pode sentir sua saudade. Os olhos são de quem viveu histórias e nunca esqueceu. Ah, se pudesse voltar e consertar os erros, as lacunas. Se pudesse ter se controlado um pouco mais e não se envolvido tanto.
Deu um gole na cerveja, olhou para o lado, vazio, como se esperasse alguém chegar. Ninguém chegava. Encontra seus sorrisos em outros lábios, seu olhar em outros rostos, encontra datas em outras ocasiões e lugares que fizeram parte de sonhos mútuos. A falta é um peso vazio e árduo que ela arrasta todos os dias. Vai passar, vai passar. Na verdade, tudo passou. Mas vez ou outra, no meio da multidão, ele ainda sorri a cada vez que ela pisca os olhos.Ela já aprendeu que existem amores que não passam. Sabe que nada é melhor do que o que sobrou hoje. Ela é feliz, mas falta. Só queria que soubesse dessa falta e que, de alguma forma, trouxesse um sorriso de volta.