Ele viaja nas minhas loucuras

Este país tem umas manias bem bestas, como por exemplo tocar música natalina em tudo quanto é buraco, todo santo dia, toda santa hora, até o dia de Natal. É um tal de “and so this is Christmaaas” ou “last Christmas I gave you my heart, but the very next day you gave it away“. Juro. Toca até no rádio. É de chorar.
Ontem não tinha nada que prestasse na TV (domingo aqui dá ATÉ saudade do Faustão), colocamos num canal de videoclips. Batata, era tudo musiquinha de Natal. Até chegar o video de digníssimo Jon Bon Jovi, “Please come home for Christmas”. Marido sabe que eu ODEIO esse video desde que tinha uns doze anos porque digníssimo dá uns pegas na Cindy Crawford.

– Iiiiih, o clip que você adora.

E eu já fazendo bico. Na primeira “mordida” (ódio dessa pintuda), eu balancei a cabeça num gesto de reprovação.

– Não adianta balançar a cabeça…
– Ah, pô. Isso me traz sentimentos ruins. Quando eu era criança achava ser completamente possível casar com ele.
– Você ainda acha!

Hahahahahahaha. Morri de rir.
Continuei:

– Essa Dorothea é muito da idiota mesmo. Como que ela deixa? (*Dorothea é a esposa do Jon há séculos)
– Ah! Se ele falasse pra você “Milena, eu caso com você, mas vou pegar umas outras quando estiver em turnê” o que você diria?
– Diria “fechado!! contanto que você me pegue também… tamos aê”
– Então! Você acha que ela pensa o que????

Hahahahahahaha. E ele continuou:
– E outra, só assino o divórcio se ele me oferecer muito, mas muito, mas muito dinheiro.

Homens e chocolates, por favor

Lembram quando contei aqui do Jason Lewis? Lembram que falei que estava escrevendo um artigo sobre aquele anúncio estrogênios-pra-que-te-quero? Pois bem. Foi publicado, o tempo passou e a criatura-semi-congelada nem postou aqui. Passem lá na Casa, leiam, assistam, babem.

 

“Este é o meu little treat da semana para as mulheres (e para alguns homens, também). O comercial do chocolate Aero Bubbles foi ao ar no ano passado aqui na Inglaterra e foi bem sucedido desde o teaser. Até hoje se fala muito dele, o buzz foi estrondoso (…)”


Continue lendo na Casa do Galo.

 

 

Saudade de domingo

Essa semana fez apenas seis meses que eu voltei do Brasil, na minha última viagem. E é impressionante o quanto isso parece mais com um ano e meio do que apenas seis meses.
Quando começo a chegar nessa margem, meu coração aperta. Um dia de domingo assim me dá uma nostalgia de um passado que não volta mais e uma saudade de fazer coisas corriqueiras que estaria fazendo na Vila Madalena agora.
A nostalgia fica nos almoços de domingo, na casa dos meus avós. Era estritamente tradicional. Chegávamos lá por volta das 11:30 e domingo era dia de macarronada e frango assado. Sem tirar nem por. Muito raramente havia uma variação, mas era muito raramente.
Às vezes eu encontrava minha mãe lá, ia com o meu carro depois de sair do clube.
Tudo começava com os aperitivos do vovô, que variava entre mandioca frita, polenta, amendoins e erva-doce temperada. E ele acompanhava com um shot de cachaça com limão.
Nessa fase eles já estavam velhinhos, vovó nem cozinhava mais. Quem fazia o molho de tomates era a Graça, a moça que cuidava da casa e da vovó. E era uma delícia, feito de tomates frescos extra maduros da feira. O frango assado a gente geralmente levava. E a sobremesa, como sempre foi na casa dos meus avós desde que me conheço por gente, era fruta. Vovó não passava um domingo sem comer melancia depois do almoço. E vovô geralmente terminava com uma manga.
Pra acompanhar, muito vinho e pão italiano. E guaraná, pra dar uma abrasileirada na cena italianona.
Depois do almoço íamos eu, minha irmã e minha mãe para a sala de televisão. Vovô e vovó subiam para dormir um pouquinho.
Esperávamos eles acordarem, assistindo alguma coisa boba como “Sandy e Junior”, “Família Dinossauro” ou algo do gênero, enquanto a Graça passava um café fresquinho, coado no coador de pano que a vovó tinha há anos. O cheiro embriagava.
Eles acordavam e tomávamos café com Bis. Putz, como isso era bom. Como eu tenho saudade disso.

 

Domingos como o de hoje, com chuva incessante, me dão vontade de arrancar coisas de dentro de mim e fazer com que elas voltem a ser como antes.
Domingo em casa era dia de caminhar no Villa-Lobos ou no Ibirapuera com a mamãe e o Billy. Depois que vovô e vovó morreram, eu fiquei responsável pelo molho de tomates. E garanto que o meu é quase tão bom. Tanto que minha irmã me fez congelá-lo antes de ir embora.
Sinto falta de caminhar no parque com a mamãe, de estar com ela toda hora. De trocarmos a macarronada pelo café da manhã da padaria Santa Etienne. De passearmos pela Vila com o Billy, com direito a  cafézinho e brigadeiro do Amor aos Pedaços. Sinto muita falta de num dia assim, ir com a mamãe no shopping ou simplesmente no sapateiro.
Sinto falta de ir com a minha irmã no japonês da esquina, no Sangallo (que nem existe mais), na feira da Vila que sempre acontece num dia de calor insuportável. Sinto falta de ouvir o trio da Vila Madalena passando, olhar pra ela e sem dizer uma palavra, se trocar e descer pra seguir o samba. Sinto falta da gente de pijama o dia todo, deitadas no sofá, o Billy deitado na minha barriga com o fucinho encostado no meu rosto. Minha irmã implorando pra pedirmos pizza do Bráz.

Acho que estou precisando urgentemente de outra ida ao Brasil. Vai ser tudo tão diferente, minha irmã nem está mais morando em casa. Mas tenho certeza que mesmo sendo diferente, vai ser exatamente do mesmo jeito. Eu, mamãe, Ká e Billy. O que a gente chama de “Momento Família”.

 

Dona aranha

Nessa época do ano eu tenho que me acostumar na marra com as aranhas. As poucas sobreviventes entram dentro de casa porque tá infinitamente mais quentinho aqui dentro. Eu tenho pavor de aranha, mas se for pequenininha eu não ligo, desde que não entre nos meus limites.
E como nem eu, nem ele, matamos bicho nenhum, algumas viram inquilinas daqui de casa mesmo, contanto que não sejam nômades e vivam no mesmo lugar.
Hoje de manhã o David olhou para o lustre da sala, perto da janela.
– Aaaah, é aí que ela tá.
– Quem? A aranha?
– É.
– E você vai deixá-la aí, do lado do lustre?
– Ah, bem legal esse lugar que ela escolheu.
– Legal pra ela, não pra mim.
– E desde quando você chegar perto do lustre? Só se eu te comprar uma perna de pau.

Eu dou risada pra não bater, né. Próxima encarnação passarei na fila do rolo de esticar (pelo menos uma vez…).

Olhos d´água

Acabei de abrir meu blog e me deparar com o primeiro comentário da minha mãe aqui, no post “Destino”. Tô com os olhos correndo lágrimas. Te amo tanto mãe. E sinto tanta falta tua.
É por essas e outras que eu nunca me esqueço das palavras que tanta gente importante me disse no Brasil: “ainda estamos aqui, pra você, pro que der e vier”.


“Se perguntassem para mim se destino existe, eu diria que sim. Na minha vida foi mais do que provado. Às vezes acabamos dando uma desviada nele por querer sentir, vivenciar sonhos, ilusões e até mesmo um grande amor. Filha, nunca fique em dúvida quanto a sua escolha… infezmente, como diz sua tia Ve , temos o onus e o bonus em tudo que escolhemos e fazemos. Espero que na sua vida tenha sempre mais bonus. Cá entre nós ( e todos que acompanham seus textos), queria você mais perto fisicamente mas sinto voce dentro de mim, no meu coração e isto, nada e ninguém vai tirar. Te amo tanto que a palavra é  muito pouco para expressar meu sentimento.
Bjosssssss meu amor.”


Recado da Nasa

Eu dormindo, um helicóptero fazendo barulho lá fora. Um mega-fone, micro-fone ou sabe-se lá o que dizia:

– Aqui é a Nasa. Estamos sendo atacados por aliens. Repito. A Terra está sendo atacada por aliens. Fechem as janelas e tranquem as portas. Não saiam de casa. A Terra está sendo atacada por aliens.

Eu acordei achando que era pegadinha. Olhei no jardim e tinha uma movimentação estranha. Corri pra fechar a janela do quarto e lembrei que a da cozinha não fecha direito. Entrei num semi-pânico. Disse pro David:

– Pega a faca.

E comecei a encher uma sacola da Boots de chocolates. Fiquei olhando pra janela, sentada no chão da cozinha, com uma faca na mão e uma sacola de chocolates.
O David me perguntou o porque dos chocolates.

– Se a gente for abduzido, pelo menos não morre de fome.


Sim, foi um sonho. E eu que não curto ficção científica, hein…

 

TPM, mulher louca e presente

Ontem recebi o presente da mamãe. Além dos livros que minha prima trouxe daquela vez, chegou uma caixa enorme. A minha bolsa DIVINA da Iódice e mais uma preta, um monte de Boa Forma, Corpo a Corpo e apetrechos brasileiros pra fazer a vida mais feliz: itens de manicure e tempero baiano. Só mamis mesmo. Só mamis pra mandar matéria de revista arrancada que eu poderia gostar de ler.
Além disso veio um presentinho mega especial da minha amiga, Ligião. Amei, chuchu, obrigada mesmo, viu!
Só não veio o Billy. Dava tudo pra abrir a caixa e dar de cara com ele…

Tô numa TPM do cão. E essas semanas tem sido complicadas no trabalho. Contrataram uma mulher em experiência, por volta de uns cinquenta e poucos anos, e a mulher me tira do sério. Ela é meio louca, fala uns papos do além, me lembra até a avó do David. Além disso, tem um temperamento totalmente bipolar, umas crises de raiva que me davam medo. E passa o dia reclamando e reclamando que mandem nela, não tem a menor habilidade de serviço ao consumidor. E eu tentando ser super educada, delicada, fico pensando na minha mãe que também trabalha e não quero imaginar que a tratem mal.
A minha gerente colocou ela comigo direto porque acha que eu sou a mais paciente. Pô, e eu tenho que ser punida por ser paciente? Enfim, minha paciência teve limite.
Chegou segunda-feira e a minha gerente me perguntou como estava sendo trabalhar com a mulher. Eu desabei e contei tudo. Me senti péssima, não queria ser responsável por alguém perder o emprego, mas as minhas colegas de trabalho diziam que eu era a única que podia contar o que estava rolando.
Ontem mandaram ela embora. Eu fiquei meio mal, mas ao mesmo tempo não fui eu quem fez todas as cagadas dela. E sinto um aliviozinho por não ter mais nenhuma shift com uma pseudo-avó-do-David (Gente, de loucura humana eu tive enough! Que o diga quem acompanhava o blog em 2005…)

E posso falar? Dá uma deprêêê ler Boa Forma e Corpo a Corpo aqui…
1 – Todo mundo bronzeado e saudável.
2 – Dietas com almoço decente (coisa impossível deste lado).
3 – Tratamentos estéticos (saudades gigantes disso).
4 – Dicas de salão que não custam em libras.
5 – Manicure, pedicure, depilação.
6 – Fotos do povo correndo de shorts.

Eu morro de saudades da Andréa, minha esteticista. Odeio não fazer minhas massagens semanalmente. Me fazia um bem danado.

A TPM continua, obrigada. Ando dando umas patadas em algumas pessoas (me desculpem, se a carapuça servir). É puramente hormonal.

Venha logo, menino

(Continuação do post “Venha de novo, menina“, abaixo. Desce a tela!)

 

Se ao menos eu entendesse o que se passa dentro de você, se pudesse colocar os dedos aí dentro e embaralhar tudo de novo. Te escrevi cartas que nunca vou mandar, decorei versos que nunca irei dizer, digitei seu número de telefone tantas vezes e não liguei. Li teu autor preferido, ouvi tuas músicas bobas, passei a tarde com aquele teu álbum de foto amarelado da década de oitenta. Te fiz brigadeiro de panela e te mostrei a profundidade física e a superficialidade emocional.
Sei de tudo sobre a sua vida e nada sobre você. Também tenho medo, cara. Mas não quero que tudo isso se perca. Gosto de você pra caralho. Quando olhar a lua cheia estarei olhando também e pensarei em você. De onde você veio? Pra onde você foi?
Leva um pouco de mim contigo, menino. Você mexeu em mim onde poucos haviam chegado. Pronto, falei. E você nem está ouvindo.
Se eu me machucar, prometo catar meus cacos pelo chão antes de sair. Não vou deixar me apaixonar, mas tenho medo de emoções. Vem de novo, só preciso que você venha. Estique um pedacinho de você e eu faço o nada virar o tudo mais lindo que você já teve. Venha logo, menino, mas venha sem medo de déjà vu. Nenhum de nós vai machucar mais que a própria vida.