Grito

Vomita teu coração em um muro de pedra. Silêncio. Oco, eco. O som não volta. Esmurra o murro, enfia o dedo no meio da ferida, jorra teu sangue em grito. Machuca, deixa machucar. Dói, deixa doer. Ainda ama, ainda aguenta. Aguenta?
Teu silêncio morto é um punhal no meu peito, que moves delicadamente de um lado para outro com esses olhos que não mais reconheço. Quem é você? Que me afunda a lâmina entre as costelas, aumentando meus vazios? Quem são vocês dois? Mistura-te em pena, em ódio, em frustração e dúvida. Reage feito um cachorro de abrigo, covarde, no canto, de castigo. Reage! Vomita também esse teu muro de pedra, quero ouvir o som do cimento trincando, esse coração de aço quebrando. Grita, pelo amor de deus, grita!
Até que ponto vale a pena insistir no que não tem mais jeito? Ou tem?