O choque é essencial 

Existe sensacionalismo? Sim. Existe exploração de imagem? Também. Mas amigos, sinto em dizer que às vezes o choque é simplesmente essencial. Numa sociedade tão cega pela violência, onde seres humanos viram estatísticas e dados de jornalismo, é cada vez mais difícil se sensibilizar. É cada vez mais difícil ter empatia por algo que não acontece dentro do nosso perímetro de existência. Já dizia o velho meme, se não desenhar, ninguém entende. Percebe agora por que chocar, às vezes, é essencial? 

O horror de uma guerra te perturba exatamente como? Expondo a realidade nua e crua para a qual fechamos os olhos todos os dias, simplesmente porque não acontece com a gente? Chacoalhando nossa zona de conforto e mostrando toda a nossa impotência? 

Vocês me desculpem, mas horror e exploração, na minha opinião, é o que esses povos do Oriente Médio têm vivido há décadas, mudos e massacrados por Talibã, Boko Haram e Estado Islâmico. Horror é o grau de desespero dos pais em colocar seus filhos em um bote superlotado,  porque arriscar a vida no mar é mais seguro que ficar em terra firme.

Fechar os olhos para o que não faz parte do nosso dia a dia não aniquila o horror. 

Se não fosse pelo pequeno menino Sírio, o mundo acordaria mais um dia ignorando o que hoje é o maior êxodo humano desde a segunda guerra mundial. Se não fosse pelo menino Sírio, entidades como o MOAS (Migrant Offshore Aid Station) não teria recebido mais de €180mil em doações em menos de 24 horas. Se não fosse pelo menino Sírio, os governos Europeus não estariam sofrendo a pressão de hoje, dia 3 de Setembro de 2015, para reverem suas leis de asilo político. 

Se alienar é proteção, e é compreensível até certo ponto. Se fechar em sua própria zona de conforto é escudo, mas não podemos permitir que o nosso conforto nos cegue. E é exatamente por isso que o choque é essencial. 

Talvez se parássemos de ignorar o que não é compartilhado na nossa timeline, o mundo fosse um lugar bem mais justo e empático.