Colhendo meus pedaços que você espalhou por esse chão gelado, eu preciso de bebidas mais fortes e discos riscados. Eu preciso de música que me doa, que enfie o dedo grosso dentro de cada ferida minha e depois me abrace em lágrimas quentes. E me arranhe. Que me sangre todo o sangue podre de um amor abandonado.
Minha cama já esfriou todo o buraco da tua cabeça pesada no meu travesseiro. Eu sinto teu cheiro nos meus poros, teu gosto recente se mistura ao whisky barato que tenho bebido.
Eu tenho procurado as mudanças em nós que perdi de algum jeito. As ruas têm tantos nomes e eu ainda não me acostumei sem o teu. Os dias são escuros e o sol me cega, você era tudo o que eu tinha. Ajudaria se eu tivesse tentado? Ajudaria se eu tivesse falado aquilo que eu gritava por dentro?
Eu preciso que isso me doa e que depois me cure. Não me force a levantar dos meus delírios tolos e de todo o meu apego mesquinho. Mas se existe amor, que o deite ao lado do meu coração morto. Se existe amor, que assopre o ar de dentro do teu peito em mim. Recolha meus cacos embaralhados em minha própria confusão emocional e me renasça.