Meu desejo de Natal pra você

Se eu pudesse falar com Deus neste Natal, pediria que Ele te guardasse na palma de Sua mão. E ainda que você não acredite Nele, pediria que enchesse teu coração de fé e esperança na vida.
Que você esbanje saúde por todos os dias, tenha sempre um largo e sincero sorriso no rosto e dois milhões de mãos de um milhão de amigos. Que teu bolso esteja sempre cheio e tua consciência esteja tranquila.
Que você tenha “borboletas no estômago” todos os dias, que seu coração  bata forte por alguém e que esse alguém te ame acima de todos os sentimentos do mundo.
Mas se eu pudesse pedir apenas uma coisa, pediria paz no teu coração. Porque é só quando o coração está em paz que temos a certeza de que todo o resto está bem.

Feliz Natal, meus queridos!

E, como não podia deixar de ser, encerro os meus desejos de Natal com a prece irlandesa mais linda que eu conheço.

May the road rise to meet you,
May the wind be always at your back,
May the sunshine warm upon your face,
May the rains fall soft upon your fields,
And until we meet again,
May God hold you in the hollow of his
hand.

Que o caminho seja brando a teus pés,
O vento sempre sopre em tuas costas,
Que o sol brilhe cálido sobre tua face,
As chuvas caiam serenas em teus campos,
E, até que eu te veja novamente,
Que Deus te guarde na palma da mão.

Feliz Natal

Uma passadinha breve pra desejar à todos vocês, meus queridos companheiros de guerra, um Natal lindo, com muito amor e esperança de um 2010 perfeito.
Aproveitem a companhia da família e dos amigos, porque isso faz muita falta.
Desejo-lhes paz no coração. Porque se o coração está em paz é porque todo o resto está indo bem.

E obrigada pelos acessos, pelo carinho de sempre e – principalmente – pelo tempo. Voltem sempre.

PS: E aguardem o videozinho “Milena volta pra casa”, patinando na neve de Reading. 😉

Me odeie por mais um segundo

Sabe aquele poema que te dei junto com a caixa de bombons de amaretto? Coma. Sim, coma como o fez com os chocolates. A música que toquei pra você, esqueça a letra, deteste a melodia. Rasgue todas as fotos com cuidado para separar-me do teu ombro, arranque-me do teu ombro. Quebre os discos que tocavam enquanto a tua mão escorria pelas minhas coxas, confunda o meu sabor amargo, ardido.
Isso, me arranque assim, como quem tira uma farpa do dedo mindinho. Com dor e destreza.
Chore-me lágrimas vazias, soluce todo este passado rouco dentro do peito. Grite, diga que me odeia, que não quer me ver nunca mais.
Delete meus emails, minhas mensagens, apague a memória do teu computador. Aquela foto nossa, naquela noite bêbada, queime. Queime todo esse calor que ardia inútil. Queima. Talvez seja mais fácil pra nós dois se deixarmos apenas o ódio até nos encontrarmos de novo. E quando eu te encontrar de novo me odeie ainda mais, tanto que te perturbe e te tire o sono, tanto que tenha apenas uma vontade: de me odiar de perto.

É…

… Eu tenho lido muito Caio Fernando Abreu. A minha linguagem mudou um pouco, eu sei, tá uma coisa meio  politicamente incorreta, com alguns palavrões e apelo sexual, mas este blog há tempos é classificado para maiores de 16 anos.
O problema é que não há nada nesse mundo que me inspire mais que Caio. E eu gosto disso. Gosto de deixar rolar sem pré-julgamentos.

Me beija

Da próxima vez  que te encontrar vou cuspir todas essas palavras do meu peito. Você zomba de mim, diz que não sei esconder sentimentos como se fosse toda errada, dissimulada ou qualquer coisa fácil. Não, meu bem, não sei esconder sentimentos porque eles me consomem em carne viva, crescem sem controle, exigem uma atenção que não sei dar. E desaprendi a contê-los e bem que acho melhor assim. Falo logo de uma vez e doa a quem doer, se a dor for minha, ao menos vem de uma vez. Corto o mal pela raíz.
Eu tento ir embora, você me segura, que mais você quer de mim? Que me apaixone perdidamente? Você não dá conta de mulheres apaixonadas e sabe bem disso. Não aguentaria me ver burra, entregue, cega, desesperadamente enlouquecida como uma gata no cio. Você me prefere assim, fria, quieta, dura por dentro. Doce por fora.
E se eu disser que eu gosto de você? Que gosto desse seu jeito cult, bobo, dessa sua voz gostosa e do jeito que você me pega pelos quadris e morde meu lábio? E se eu disser que acho que nunca daríamos certo juntos? Somos assim, meu amor, proibidos. Eu pra você, você pra mim. Fogo e gasolina. Tem faísca demais entre a gente.
Eu não sei se te quero assim, desse modo. Só sei que também não te quero com outra, o que não deixa de ser um egoísmo muito grande da minha parte. Queria-te assim, engaiolado pra mim. Alucinado por mim. Ou talvez queira-te mesmo deste outro modo estranho, como é que chama mesmo? Amor. Essa coisa que a gente espera acontecer como se espera por um  aniversário. Talvez eu queira deitar no sofá e ficar assim quietinha, você atrás de mim, tua perna sobre a minha coxa, teu braço na minha cintura, teus beijos na minha nuca. Quietinha assim, é assim que é amor, não é?
Eu não te amo, também não sou apaixonada por você, mas tenho alguma coisa muito grande aqui dentro e eu não sei o que é. Isso me aflige mais do que se te amasse, essa vontade de você que nunca passa. Na verdade nem sei o que tinha de tão importante assim pra te falar, lá vem você cheio de mãos pegando no meu quadril. Tenho que cuspir essas coisas do peito pra te mostrar o quanto me prende e mexe comigo. Mas por enquanto só me morda o lábio.

PS: Eu sei. Já coloquei essa foto antes.

Para uma avenca partindo

“(…) deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira (…) você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso.”

Leia “Para uma avenca partindo”, Caio Fernando Abreu. Texto na íntegra aqui.

Brancos e coloridos

Há muita neve lá fora. Um branco imenso faz contraste apenas com os galhos secos das árvores e o contorno das casas vermelhas. Poucos, muito poucos pássaros cantam um canto gélido, quase engasgado.
O termômetro marca três graus negativos e eu olho no fundo dos teus olhos cinzas que encaram qualquer filme antigo na televisão. Há paz no perfil do teu rosto, uma paz que me eleva e me enche de certezas. Você me olha indagando  em silêncio, porque me olha desse jeito? Sorri de canto uma névoa colorida. Você é tão colorido perto da neve lá de fora.
Folheio umas páginas do meu livro, iluminadas por escassos raios de sol. É Caio Fernando Abreu e isso me faz viajar para outro lugar.
Sem nenhuma palavra, sem expectativa, mas com a maior sabedoria do mundo, você encontra a minha perna. Os olhos ainda fixos na televisão. E tua mão estaciona na minha perna como se me puxasse de volta, como se afirmasse que estamos aqui. Em Reading. E a certeza de que pertencemos. Sim, estamos aqui. Há tanto tempo, eu, você, Oscar Wilde. Brancos e coloridos.
Sorrimos juntos névoas coloridas, sem sequer entender o tamanho de tudo isso.

Intocável

Te querer é como querer possuir um pedaço de nuvem. Bobo assim. Intocável.
Você é livre como um pássaro poligâmico, como um lemur que esfrega hormônios em sua cauda.
Não tenho nem um pedaço de você pra olhar e me lembrar de coisas boas. Coisas boas que passam, porque diabos as coisas boas sempre passam? É como querer vivê-las no passado.
Eu tenho algumas coisas aqui guardadas pra você. Todas elas dentro de uma caixinha de marchetaria. Tesouro.
Você é como uma folha leve durante o outono, desliza vago pelo ar e cai. Basta uma pequena brisa pra te levantar de novo.  Eu assopro. Voe logo, não fique muito tempo onde está.
Te disse que tenho algumas coisas guardadas pra você. E sei que isso bem te intriga.