Quem sou eu. O orkut há tempos me pergunta isso e eu venho enrolando com versinhos de uns aqui, com letras de músice de outros ali. Então vamos ao que interessa.
Se você me vir de longe eu sou aquela baixinha lá no meio da multidão. Baixinha sim, feliz com isso também não, mas conformada e esperançosa de ainda inventarem uma máquina de esticar tipo Homem-Borracha. Como diz o David quando não consigo alcançar alguma coisa na prateleira “e não consegue porque?”, e ele só sossega quando eu afirmo contra meus próprios nervos “because i´m little”. Little que não passa dos 1,57, dependendo da fita métrica ou da balança.
Sou aquela que ri alto e não tem vergonha de dar gargalhadas que, segundo a minha irmã, exigem muita cautela pois possuem pausas respiratórias frenéticas. Sou a que está sempre contando um causo, uma estória, alguma esquisitice que, em sua maioria, tiveram eu mesma como personagem. E as pessoas não acreditam, ou acreditam se me conhecem, e bem, e sabem que existem coisas que só acontecem comigo.
Eu queria ter cabelos lisos e escorridos às vezes, mas amo meus cachos, às vezes também. Assumi com orgulho a cor natural do meu cabelo que me surpreendeu com um castanho avermelhado que só Deus sabe de onde vem (e eu não via desde os doze anos).
Cresci com uma mãe ao quadrado, que deu a vida por nós, e um monte de gente cuidando de mim. E esse monte de gente, que geralmente aparece, mete o bedelho, palpita e dá conselho é chamado de família. Família que chora quando eu vou embora, que está sempre presente em qualquer lugar do mundo. Minha amada família que eu amo mais que tudo nesse mundo.
E meus amigos! Ah, meus amigos, essa família que a gente escolhe e que preenche o coração! Sempre presentes, mesmo longe… mas que fazem tanta falta no meu cotidiano!
Um dia eu resolvi ter um cachorro e procurei muito antes de comprar. Me apaixonei por um poodle de 11 meses e acabei desistindo porque fui visitar a minha amiga, Gá. Eu tinha dezessete anos e a cachorra dela tinha dado cria. Quando entrei num banheiro onde estavam os dois filhotes, do tamanho da palma da minha mão, o machinho veio se rastejando na minha direção e subiu no meu tênis. Eu o peguei no colo, ele grudou as garrinhas na minha blusa, e assim tem sido por quase doze anos. Meu amado filhote, a coisa mais linda da minha vida, Billy the Kid. O poodle mais lindo do mundo.
E por todo esse amor, dói demais no coração saber que estou longe e lembrar do calorzinho dele quando deitava na minha barriga, ou do focinho gelado encostado no meu nariz, cabeça com cabeça, só pra dizer que me amava.
Sou aquela que sempre escreveu, que vendia poemas e desenhos no recreio, e ganhava uma bela coleção de figurinhas raras por isso. Era viciada em Popeye, Pogobol e em tudo da década de oitenta. Brinquei de boneca até os onze, doze anos, porque naquela época ainda se brincava de boneca com essa idade.
Algumas peculiaridades sobre mim… toquei piano por quatro anos, joguei vôlei por seis anos. Falava armênio quando criança, aprendi inglês quase que sozinha. Também adoro cantar alto segurando um controle remoto ou uma colher de pau, enquanto faço passos de salsa ou axé. Cozinhar, eu cozinho sambando. E cozinho bem.
Sou apaixonada por Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa e Machado de Assis. Mas também sou fã de Funk como le gusta, Bob Marley e um bom e velho sambinha. Sou eclética, mas não sou surda. Sei o que é boa música. E se não for boa, mas o corpinho quiser mexer, então também tá valendo.
Acreditei em muitas coisas na minha vida, em duendes, em fadas, em anjos, em Fernando Collor, em Rio 92. Hoje acredito em mim mesma e no que eu posso fazer pelo mundo. E acredito em Deus. E na energia do universo. O universo sempre conspira para seja lá qual for o seu desejo.
O melhor lugar do mundo pra mim é onde eu possa colocar o pé na areia e sentir o salgado do mar. E se for no Brasil, melhor ainda. O Brasileiro não dá valor ao Brasil até o dia em tem que viver longe dele…
Larguei tudo por um grande amor. E como disse desde o começo, prefiro SEMPRE me arrepender do que fiz ao que deixei de fazer. Moro do outro lado do mar, se você olhar bem quando estiver na praia, não se preocupe, não vai me ver mesmo porque sou baixinha, lembra? Mas eu tô aqui, na terra de uma tal de Dona Beth. Uma terra fria, cinza, escura, mas que fica linda na primavera e no outono. Linda demais.
Eu sou um turbilhão de emoções, choro com propaganda de caridade para os burros do deserto, com abuso de animais e crianças. E se tiver em TPM, choro até em programa de calouros. Aliás, pensando bem, eu choro bastante. Sou transparente e emotiva, mas não sou fraca. Sou pequena, mas luto até a última gota pelos meus ideais e pelo que eu acho que vai ser bom pra mim. Afinal de contas, na minha vida eu sou a protagonista, e não uma mera figurante.
Eu sou feliz a cada dia, e tento aprender com os problemas da vida. Tento, principalmente, ter menos problemas imaginários. E os problemas reais, estou trabalhando para não despejar muita energia.
O que me faz feliz? Um lindo dia de sol. Canto de passarinhos, uma praia, uma borboleta azul ou amarela. Vida selvagem, um esquilo no jardim, ou parar o carro para dar passagem para uma família de patos ou coelhos. Isso me faz sentir viva. Dois cervos cruzando a estrada, e aquele susto de que ainda há vida nesse mundo que não é a humana. Ainda há Deus. E Deus eu sinto quando estou ao ar livre, quando sinto o vento no rosto ou olho para o céu. Há tanta coisa nesse mundo que vai além da nossa “vã filosofia”.
E eu acredito em energia, em alegria, em escolhas. E sei que sou eu quem escolhe se meu dia vai ser bom ou ruim, porque tudo depende do meu humor. E eu escolho ser feliz.
Sou uma pessoa eternamente dividida pela minha família e meu país de um lado do Atlântico, e o grande amor da minha vida do outro. Se eu tenho certeza de que fiz a coisa certa? Não. Acho que nunca terei essa certeza. Mas sei que quando ele me puxa pro seu colo e diz que tudo vai ficar bem, meu coração se acalma um pouco mais e, pelo menos por um segundo, eu tenho certeza. De que sou verdadeiramente amada dos dois lados do mar.
Mês: novembro 2008
Quase igual
E faz exatamente três horas que eu acordei, sem contar as duas horas antes que eu levantei pra fazer xixi. E a chuvinha cai na mesma intensidade de cinco horas atrás, como se a nuvem do Cascão estivesse parada em cima de Reading. É uma daquelas garoas que molham… não como as de Paris que mais parecem uma brisa no rosto. É fina e molha. Como as de São Paulo.
Mudaram as estações
É um misto de amor e desgosto esse meu sentimento pela Inglaterra. Faz um dia bonito e eu amo até o inglês carregado da BBC, faz dia feio e eu xingo até Henrique oitavo.
Mas nem tudo depende do sol, vocês sabem que meu humor é totalmente influenciável pela luz solar, então seria injusto julgar a ilha de acordo com o meu humor.
A Inglaterra é linda na primavera. Linda de perder o fôlego, aliás, se perde o fôlego quando passam aquelas bumble bees, abelhas peludas, gigantescas e extremamente barulhentas, voando pela sua cabeça. Isso sim é de perder o fôlego. E as flores, ah as flores. Cada uma com sua cor mais inimaginável, um formato indefinido, como as bluebells. Procura no google, elas são obras divinas essas bluebells. As berries também. É cerejeira carregada de cereja, amora preta pra tudo quanto é lado, blueberry, cranberry, strawberry… tudo quanto é berry! O último, o morango, chega a ficar de um tamanho que você jura que teve modificação genética.
Passear pelo interior da Inglaterra na primavera é divino. Nunca na tua vida verá cores como as daqui, principalmente o tom de verde das plantas, que tudo tem a ver com o grau de incidência do sol. Também no outono é a coisa mais linda do mundo. As folhas começam a secar nas árvores, de fora pra dentro. Ficam com uma borda amarela, o centro vermelho e a parte presa ao tronco ainda verde. É um milagre.
Caem tantas folhas no chão no outono que eu fico me perguntando o que acontecem com elas depois. Já faz semanas que por onde eu passo meu pé afunda em infinitos edredons de folhas secas. Que eu só odeio quando chove, porque aí fica uma nojeira só. Fiquei pensando esses dias “quem limpa essas folhas, porque elas não estão aqui no inverno!”. Sim, na grama elas viram adubo. No concreto eu já não sei.
Até que chega o inverno. As árvores pelam por inteiro, ficam só os troncos. Os bichos hibernam, meus esquilos somem, os pássaros somem, ficam só os corvos e a má fama deles. E tudo parece morto, sem vida, cinza, branco. O céu é sempre branco no inverno. E quando neva é lindo, se nevar só um pouco e você estiver dentro de casa.
Se te pegar desprevinido, abra o guarda chuva, porque essa eu já aprendi: neve molha. E molha bem. E queima também se quiser dar uma de brasileiro desavisado e fazer guerra de snow ball. Tudo bem, mas não tire a luva. Essa eu também aprendi da pior maneira.
E com o inverno vem a mais odiada das manifestações: o sol também hiberna. Por isso que eu odeio o inverno daqui. Eu gosto de frio é de São Paulo, que se resolve com uma bela taça de vinho, um casaco elegante e um foundue. Ou então com uma fogueira de festa junina. Inverno daqui não se resolve com nada.
E aí começa a palhaçada. Agora é Novembro e sete horas da manhã é que começa a clarear. E quando anoitece e você acha que são sete da noite, olha no relógio e são quatro e meia. Dá sono, dá tédio, dá dor no coração. É a saudades que o sol gosta de deixar. Ou pelo menos a claridade…
E ainda que nem chegou o inverno todo, as árvores nem se pelaram e os esquilos estão frenéticos escondendo todos os amendoins que eu joguei no jardim. No inverno mesmo, coisa de Fevereiro, a coisa fica preta. Literalmente. Claridade só entre oito e pouco da manhã e três da tarde. E já tá bom, e agradece aos orixás por não ser polo norte.
E eu que ansiava Fevereiro por causa de carnaval, agora penso… ah meu Deus, Fevereiro.
Um dia hei de ser muito rica e desfrutarei apenas das estações que eu gosto nos lugares que eu gosto. Em Dezembro embarcaria para o Brasil e ficaria por lá até Março, torrando no sol de alguma praia do litoral. Depois voltaria em Abril para a primavera inglesa. Em Julho trocaria facilmente o verão tolo daqui pelo inverninho gostoso de Campos de Jordão, e voltaria para o Outono. E em Novembro, cantaria de novo “Dois de Fevereiro, é dia de Iemanjá, levo ao dia oferendas, para lhe ofertar!!”
E passaria o Reveillon vestida de branco, na praia, todo mundo junto. E não encapotada de casaco.
Presenteio-me
É tempo de me dar presentes. Mudar meus conceitos desde que vim morar aqui, me preocupar menos com dinheiro e viver mais.
Hoje me dei de presente uma coletânea linda, com cinco dvds do Almodóvar. Tem “La mala educación”, “Hable con ella”, “Todo sobre mi madre”, “Carne tremula” e “Atame!”. Feliiiiiiz!
Mais feliz ainda fiquei ontem quando abri um dos livros que minha mãe me trouxe “As cem melhores crônicas brasileiras”. Não sabia que tinha, e nem esperei encontrar, mas encontrei!!! Duas de Clarice, lindinhas, fresquinhas, esperando por mim!
E uma outra de Campos de Carvalho, “Londres, Novembro de 1972”, que eu vou ter que copiar aqui. Passaram-se mais de trinta anos e as coisas continuam iguais!!!!!!!!
Também resolvi me dar outro presente essa semana: estou contratando a Lu, minha amiga e fitness instructor, para sessões de personal trainer a preços camaradas, uns “bem-bolados” como dissemos e odiamos essa palavra! Então aqui estou eu, me sentindo rica, culta e pronta pra vida. Afinal de contas, é esse o SEGREDO, não é? Sentir, pra depois ser!!!
Amanhã me darei outro presente, depois de trabalhar à partir das 6:30 em pleno domingo: uma bela feijoada no bar brasileiro. Com direito a couve, farofa e guaraná!!!!
Bom fim de semana pra todos!
Procura-se
Preciso de outro emprego. Que seja de segunda à sexta, em horário comercial. Que eu tenha tempo pra mim, pro meu marido e para as minhas coisas, como por exemplo, fazer uma faxina descente ou compras no mercado em horário normal.
Precido de outro emprego que me pague mais, me valorize mais, me dê muito menos trabalho e onde as pessoas sejam felizes. E que me faça feliz também.
Preciso da minha vida de volta, dos meus pés de volta, das minhas noites de sono.
Um mundo novo. Uma esperança antiga.
E um homem negro, com nome árabe, é a nova esperança para um mundo totalmente diferente.
Barack Hussein Obama, cujo sobrenome é quase o primeiro nome do maior inimigo dos Estados Unidos, é hoje um poço de expectativas de milhões de americanos e bilhões de seres humanos.
Os Estados Unidos começam uma nova fase, preparam-se para virar uma página na História. Um presidente negro. Como Martin Luther King havia sonhado.
“Eu tenho um sonho, de que um dia meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”: Pois é, Obama não é filho de Luther King, mas foi julgado pelo caráter, e não pela raça.
Foi uma vitória conquistada com muita garra, um “não” bem grande ao erro cometido de reeleição de George W. Bush, e um tapa na cara do Partido Republicano, que teima ainda em levar o país abaixo.
Passaram-se mais de 140 anos, e pode-se dizer que agora sim a Guerra Civil Americana está terminando. A Guerra que dividiu o país em Norte e Sul, entre os favoráveis à escravidão e os que eram contra. A Guerra que começou no Estado da Virginia e que terminou, 148 anos depois, com o mesmo estado elegendo um presidente negro.
Barack Obama, um menino negro, filho de africanos, que passou a infância na Indonésia, país totalmente muçulmano, tendo estudado em escolas mulçumanas. É o novo presidente dos Estados Unidos da América. É uma revolução nos conceitos americanos. É um grito bem alto de “enough” na bitolada, careta e mesquinha mente republicana.
Barack Obama é a esperança. E eu não via nada assim desde quando tinha catorze anos de idade e assisti na TV o discurso de presidente de Nelson Mandella.
Ontem, assistindo à reprise do discurso de Obama, meus olhos encheram de lágrimas e eu não pude me conter de emoção, alegria, expectativa, medo e esperança. Eu, uma jovem Brasileira, morando no Reino Unido. Aquela mistura de olhos atentos na multidão, uma multidão tão unida de negros, brancos, asiáticos, latinos… uma multidão de jovens, velhos, crianças. Olhos cheios de lágrimas, atitudes positivas, gente se entorpecendo com as palavras do jovem senador negro. E que palavras… um discurso que, como mencionei acima, muito me lembrou o discurso de Martin Luther King. Palavras fortes, concisas, promessas que não são impossíveis, desde que se tenha coragem. Mudança.
Obama agora enfrenta um país com a maior crise econômica desde 1929, duas guerras militares mal resolvidas, e uma multidão de olhos e corações transbordando esperança… bilhões de seres humanos querendo apenas uma coisa dele: um mundo melhor.
Que Deus abençoe Barack Hussein Obama.
Me pega
Pensa na situação… eu muito louca, acabada de voltar do tuuuuurno da firrrrma, depois de oito horas de pé + 98 neguinhos enfileirados pra fazer check in (98 é verdade) + 1 milhão e meio de telefonemas + trocentos relatórios + um dia extremamente agitado. Sento no computador aqui, vesga de sono, marido jogando counter strike.
Como se não tivesse acostumada com isso, escuto o militante lá do jogo de video game dizer uns “need back up” (níd bécap), e não é que pessoa aqui entende uns “me pega!” , “me pega”!! E vai explicar pro marido porque que eu me mato de rir sozinha! Se eu explico não faz sentido nenhum em inglês, perde a graça e eu fico com cara de sonsa, então melhor rir sozinha mesmo.
Rasgando dólar
Ontem resolvi rasgar dinheiro meeeeeesmo! Que se foooooda! E ainda foi dólar, só pra contrariar.
Brincadeiras à parte, ontem eu literalmente rasguei sessenta dólares. Três notas de vinte. Me diz se dá pra confiar nessa pequena criatura aqui???
Fiz câmbio no hotel ontem para um hóspede. Duzentos dólares. No fim do dia eu tenho que fazer o banking, que é pegar todo o dinheiro que eu recebi e colocar num envelope. Daí eu tenho que escrever quantas notas de cada valor tem, etc, e tal. Só que confundi os botões com os dólares e acabei rabiscando o envelope. Mania de perfeita que eu tenho, resolvi fazer outro envelope. Coloquei o dinheiro no novo e RASGUEI o outro. Sem me tocar que ainda tinha 60 dólares dentro!!!!!!!!
Só vi quando apareceram as metadinhas dos dólares, porque óbvio, não foi um rasguinho qualquer. Eu rasguei de cima abaixo, tipo operação siamesa mesmo.
Ainda bem que eu vi a tempo, se não teria picotado os sessenta paus e jogado pra cima ainda.
Fiquei vermelha, entrei em pânico, pensei, fudeu, nesse país não devem aceitar nota com durex! E quem disse que tinha durex na recepção?? Tive que pedir pra única pessoa presente, a gerente financeira do hotel!!!!!! Acabei fazendo uma mega operação reconstrutora nas notas e tô rezando pra que ninguém venha me falar disso….
O hotel tá foda essa semana. Só vou ficar eu e mais uma recepcionista. A outra vai sair de férias por 10 dias… Hoje era pra eu entrar às 15h, já me ligaram mudando meu turno pra daqui a pouco. Justo hoje que o David tá de folga e a gente tinha coisas pra fazer… tô com ódio nesse coraçãozinho.
Alguém viu minha academia por aí??? Aaaaaaai preciso criar força na peruca….
