O sol cansado

São quase onze da manhã. O sol tá escondido como se ainda fosse sete horas. Mesmo que não houvesse nenhuma nuvem no céu, o brilho dele seria fraco, como um fim de mundo.
A grama no jardim ainda está congelada, branca de geada, resultado dos três graus negativos da noite passada.
Nas árvores, poucas folhas resistem agarrando-se aos galhos como se não admitissem o fatídico destino.
Os pássaros estão calados, os esquilos eu não vejo há semanas. O sol, o sol está querendo hibernar.
Se você não entende o que eu estou tentando dizer, imagine um dia de chuva no Brasil. Um pedacinho de sol atrás das nuvens cinzentas, esse é o máximo de brilho do sol de hoje.
Um quase escuro para uma manhã, dá pra jurar que tem alguma coisa errada. É, ele chegou.

No inverno daqui o sol nunca chega a pico. Ele caminha numa linha horizontal, na posição onde no Brasil estaria às cinco da tarde.  O sol está sempre do lado, fraco, cansado.

Novo blog!

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PASSAPORTE CARIMBADO

Terra gelada

E o frio chegou com tudo desse lado da bolinha. Hoje, em Reading, a máxima foi de DOIS GRAUS POSITIVOS.
Trabalhei das 9 às 17 hoje, fiz treinamento em Reservas. Quando estava a caminho do ônibus, só black ice no chão (é uma camada de gelo que não aparece, e pode te dar um tombo daqueles!). Os carros todos cheios de gelo.
Daquele frio que dá dor de cabeça, arde o rosto, e você quer virar um avestruz e enfiar o nariz em algum lugar.
A salvação do dia? Tem umas panelas no fogão me esperando: feijão preto com paio, arroz branco e couve!!! Nada como comfort food pra espantar o frio!!!!

Uma noite de futebol

Ontem teve futebol no estádio. Dezesseis mil hooligans (hohoho)!!! Sério, dezesseis mil pessoas.
Considerando que o hotel é praticamente o puxadinho do estádio dá pra imaginar a minha noite né! Busy!
Fiz check in de três portugueses, o que foi bacana. Pra dizer a verdade, a noite foi bem engraçada.
Chegou um hóspede, um tal de Mr. Harding, gatinho até, meio calvo. Fiz o check in do cara, e ele todo cheio de graça. Começou a flertar e eu queria um botãozinho que destarrachasse as bochechas que já estavam roxas. Ele me olhava com um olhar profundo, tipo “vou ser sexy”, um sorrisinho malicioso, e dava umas piscadinhas entre as minhas perguntas que eu quis me virar do avesso! Até me desconcentrei!!!
Aí, até hoje de manhã foi assim, até ele fazer o check out… só nas piscadinhas!
Como se não bastasse tem um cidadão que se hospeda lá toda semana. Ele já sabe meu nome e eu o dele, é Mr. Parmar e pronto. Ele chega eu digo “bom dia Mr. Parmar, boa noite Mr. Parmar, como foi seu dia, blablablablabla”.
Ontem eu fiz o check in dele. Ele subiu e depois de um tempo ligou perguntando alguma coisa. Eu atendi “Hello Mr. Parmar!”. Eu disse que mandaria o que ele queria para o quarto dele (um kit de shampoo). Aí ele solta a pérola: “Milena, sabe quando você me chama de Mr. Parmar? (Hmhum…) Então, meu nome é Nitaish, mas pode me chamar de TASHA. (kkkkkkkkkkkk). O queeeeeeee!!!!! Tasha????
Bom dia Tasha, boa noite Tasha?????? Imagina se o gerente do hotel me pega chamando o hóspede de TASHA!!! Vai ser no mínimo duvidoso. Eu não conseguia parar de rir. Ah, vai, alguém diz pra ele que Mr. Parmar é mais bonitinho!!!!!!

Susto

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Essa foi uma das fotos que eu recebi com um dos links de websites. E isso me abalou de um modo que vocês nem podem imaginar. A princípio é mais um incêndio, em mais um prédio, em São Paulo. Mas agora considere que naquele mesmo andar, aquela janelinha diretamente oposta à que está em chama, do lado esquerdo da foto, é meu quarto no Brasil.
Esse incêndio foi no apartamento da minha vizinha, sexta feira à noite. Levou três horas pra ser controlado.
Minha mãe me contou no sábado, ela estava pra sair em dez minutos de casa e meu cachorro teria ficado sozinho. Minha mãe, que até este momento estava na sala, a janela do meio à esquerda, foi literalmente evacuada de casa.
E graças ao meu bom Deus, por algum motivo ela não saiu antes. Depois de horas de incêndio, meu apartamento estava negro. Cheio de fuligem, fumaça e enxarcado de água.
E eu só penso no que teria sido do meu cachorro se tivesse ficado sozinho lá, sem ninguém pra tirá-lo de dentro.
O susto passou, ninguém ficou ferido… mas sinceramente, esse não é o tipo de foto que você quer ver em links como globo.com, ig, ou no plantão do SPTV.

E as minhas paixões de adolescente…

… envelheceram. Brutalmente. E pararam no tempo.

Que dóóóóóóóóóó!!!!!!
E eu tinha posters de todos eles na minha parede!

Começando pelo que ressurgiu das cinzas essa semana, e eu achei que ele ainda tava todo esticado da plástica… não sei se vocês viram, mas ele teve um momento Michael Jackson!! Um HORROR! Agora sim, ele tá com cara de roqueiro porra louca. Sem aquela carinha linda que ele tinha! Ô dó.

AXL ROSE

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O guitarrista de Extreme, que tinha o cabelo mais lindo de todos os anos noventa… NUNO BETTENCOURT virou isso aí à direita!!

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Lindo que era, BRET MICHAELS, do Poison! Era um dos posteres mais perto da minha cara, na parede do lado da minha cama! Como era lindo!!!!! Ainda não tá um caco… mas depois do reality show que ele fez pra escolher uma namorada…. ai, não. E esse tanquinho já há muito tempo virou uma poça!!!!!!!

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O mais bichinha de todos, o com mais cara de menina e o que continua mais bichinha de todos. É impagável vê-lo atuar em Gilmore Girls!!! Continua uma mocinha velha!!! Mas eu adoraaaaaaava Skid Row, então aí vai SEBASTIAN BACH

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Ele já era gato. Agora então, o moço nadou contra a correnteza. Acabei de achar no Google e tô babando… Uma banda que passou tão rápido, com sucessos estrondosos e que desapareceu do mapa. Com vocês, o surfista mais gato dos anos 90, WHITFIELD CRANE, do Ugly Kid Joe. Cada dia melhor…

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E o meu sonho de consumo, amor da minha vida, com quem eu JURAVA que ia casar quando tinha onze anos. E acreditava nisso profundamente. Tinha até um plano de fuga pra New Jersey com a minha prima, tudo esquematizado! Já fiz loucuras, perdi muitos anos, incontáveis lágrimas. Ele era o poster do lado do meu rosto na parede. E ele é como vinho, quanto mais coroa, melhor. JON BON JOVI!!!! E não falem muito que eu morro de ciúmes! Hahahahaha!

jon1jon

Caraca, mano!

Estava olhando minhas estatísticas de blog, coisa que não faço há séculos… Descobri que tenho uma média de CENTO E SETENTA leitores POR DIA!!!!! E o dia mais agitado teve uma platéia de 257 neguinhos!!!!!! Tô me sentindo POP. Por onde andam vocês, anônimos!???

É por isso que eu digo que AMO quando algum anônimo me deixa uma mensagem, aqueles anônimos que vêm aqui todo santo dia e, um dia, resolvem sair do buraco! E o mais legal é que quando eles aparecem, vêm sempre com uma mensagem incrível!!

Obrigada, leitores!!!!! Essas estatísticas só me impulcionam cada vez mais para seguir o meu sonho de, quem sabe um dia, ter vocês me lendo em forma de papel!!!

Diferenças

Ele é da geração setenta e eu sou geração oitenta. Ele cresceu ouvindo Jimmi Hendrix, já eu, cresci ouvindo Balão Mágico.
Ele tinha computador quando eu ainda nem sonhava com o meu Pense-Bem, e quando eu ganhei um Odissey ele já tinha o Atari novo.
Ele ia pra escola de gravata e sapato e eu ia de tênis, regata e uma peça de vestimenta que cismavam em chamar de saia-calça.
Ele perdeu a virgindade com catorze anos, eu bem mais tarde que isso. E quando ele tinha catorze anos eu tinha apenas oito. Ele já foi garoto-problema, eu já fui a melhor aluna. A segunda língua que ele aprendeu foi francês, já eu, foi armênio.
Ele nunca viu inflação brutal, nunca pensou em ter outra moeda, e eu já passei por cruzados, cruzeiros novos, cruzados novos, em tão pouco tempo. Ele só sabe de golpes de Estado pelo livro de história, e eu nasci no final de um. Ele nunca guardou dinheiro embaixo do colchão.
Ele se lembra do dia em que John Lennon morreu, e eu me lembro do dia em que Cazuza morreu.
Ele tinha neve no Natal, eu de neve só via as artificiais nos shoppings, porque Natal era um calor danado. Ele nunca tinha passado o Reveillon de branco, na praia.
Ele não sabe quem é a Xuxa, nunca assistiu “Os trapalhões”, não tem idéia do que seja a novela das oito.
Ele nasceu no hemisfério Norte, eu nasci no hemisfério Sul. Ele é velho mundo, eu sou novo mundo. Ele fica do lado direito do mapa mundi, eu do lado esquerdo. Tem um oceano inteirinho, com nome e tudo, entre as nossas casas.
Mas quando a gente conversa sobre a infância, logo as coisas mudam. Porque mesmo tão separados, em mundos tão diferentes, a gente estava mais perto do que se imaginava.
Ele chamava pogobol de spaceball, ele jogava Monopoly e eu Banco Imobiliário, aqueles hipopótamos que eu amava do jogo Papão, pra ele eram Hungry Hippos. Ele teve aquaplay, ele chamava Traço Mágico de Etch a Sketch. Ele também teve Genius, Mr Potato Head, assistia He-Man, Smurfs, Thundercats. Ele também fez fila no cinema para assistir Tartarugas Ninjas.
E a tal da difrença de cultura aparece tão sutil, que eu nem ao menos percebo que estou falando outra língua.