Gringaiada

Hoje peguei um ônibus, imagina a situação.
Reading tá infestada de estrangeiros, é verão, tá cheio de estudantes em curso de férias. Não que a cidade não seja infestada de estrangeiros em dias normais, mas agora tá ao cubo. Entro eu no ônibus, me sento do lado de uma senhora. Na minha frente um casal de indianos falando em whatever is that language. Atrás de mim um casal de italianos falando alto e pelos cotovelos. Do lado, dois chineses ou coreanos falando “né” e “pastel” (hohohoho) ou qualquer coisa do gênero.  Mais pra frente uma língua indecifrável que eu imaginei ser polonês, porque eles tinham a cara rechonchuda, bochechas vermelhas e narizes de batata.
Enfim, a mulherzinha do meu lado, pobre cidadã britânica perdida no ônibus da Pangéia, olha pra mim e diz “my God, what the hell is going on in this country? Too many languages, too many foreigners, don´t you think?”. E eu que já me enchi o saco de batatinha de colaborar com os ingleses com a minha cara de anglo-saxã fiz QUESTÃO de responder “sorry, madam, I´m a foreigner too”. Ela bem que tentou puxar papo, disse que ama o Brasil e tra la lá. Ah, vá catar coquinho!! Mmmm não tem coquinho? Vá catar avelã então. Leave me alone.
Por que eu não nasci com a cara da Shakira??? Pára de achar que eu sou daqui!! Eu não sou daqui marinheiro, eu venho lá do outro lado da terra!! Posso não ter melanina e bunda grande, mas bota um sambinha que eu desço até o chão!!!!!!

Veneno

Pra vocês começarem o fim de semana inspirados….

 

“Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota.
Sem nenhum medo. Não mata.”

(Clarice Lispector)

Retificando…

Posso: Tudo.

“Whatever the mind of man can conceive and believe, it can achieve”.
(W. Clement Stone)

Acabei de ver “The secret”…. mais uma vez. Bom, bom. Good feelings, good thoughts, good life.

Vício

Achei no meu ex-blog… já sabem né, não consigo…
Mania: de falar e dar risada sozinha… às vezes dirigindo, muitas vezes em inglês…
Adoro: Céu azul, sol, areia fininha e mar (ai, ai…)
Odeio: Pernilongo, gente mal educada e comida britânica.
Não vivo sem: Academia
Shampoo: Tresemmé
Imprescindível: Rímel que alonga.
Gosto de usar: Vestido
Sina: Escolhida a dedo para situações extra-ordinárias
Não gosto de usar: Não uso nada que não goste…
O que faço quando estou sozinha: Canto e interpreto com direito a colher de pau como microfone!! E ainda faço sessões extra de salsa, samba ou axé na sala.
Tenho pavor: De tubarão (????)
Tenho fascinação por: Borboletas, já quase bati o carro vendo umas voarem… hehehe
Sonho: acordada…
Não posso: Fazer bronzeamento artificial
Saudades: Dos meus avós
Vontade: De chocolate, praticamente todos os dias…
Posso: Ousar
Sapato: De salto
Não consigo: Dormir o dia inteiro…
Nem que a vaca cante a música do Big Brother: Dormir de maquiagem, nem trêbada, caindo pelos cantos!
Queria: Comer o que quisesse sem engordar
Pareço: Judia, inglesa… qualquer coisa que não seja brasileira.
Acordo: Tagarela
Invento: Comida
Na TV: Friends
Durmo: De camisola, ou camiseta
Um fato: O amor
Não esqueço: Minhas raízes, meu Brasil
Todo mundo sabe: que sou um livro aberto!
Ninguém sabe: e deveria continuar sem saber!

Cotidiano gringo

Todo dia ele faz tudo sempre igual
me sacode às seis horas da manhã
me sorri um sorriso pontual
e me beija com a boca de hortelã

Todo dia eu digo pra ele se cuidar
Essas coisas que diz toda mulher
Falo uma lista de coisas que ele tem que arrumar
Durmo mais, não é hora de ficar de pé

Todo dia eu ligo pra checar
Se ele foi ao banco, pagou o aluguel e a prestação
Depois penso na casa pra arrumar
E me calo em rumo à malhação

Cinco da tarde como era de se esperar
Eu já tô com a barriga no fogão
Faço um chá, arrumo espaço no sofá
E chamo pra ver Friends na televisão

Toda noite ele diz que sempre vai me amar
Meia noite a gente jura eterno amor
Não dá nem mais tempo de namorar
Amanhã acorda cedo, não rouba meu cobertor!!

Lu “pedaladora”…

Eu não consigo parar de rir. Pense numa alemãzinha de três anos, loirinha, bochechas vermelhas. Agora imagina a criaturinha numa dessas mini bicicletas com duas rodinhas do lado, rosinha, com cestinha e tudo que deve ter ganhado no Natal passado… Agora visualiza a alemãzinha feliz e contente querendo andar de bike por aí…
Agora pense que duas horas depois encontram a pobre criatura germânica na Holanda!!! Meu, a menina andou de bike por seis quilômetros, durante duas horas, até chegar na Holanda!!! Huahahauahuahuahahahaha!!!!!! A pobrezinha da menina tem 3 anos, imagina a carinha dela no meio do caminho, feliz da vida, pedalando, pedalando… tipo a Lu Patinadora, lembra??? Ligava um botãozinho e ela ia embora, com aquela carinha contente dela!
O melhor de tudo é imaginar os pais – desolé, tadinhos –  procurando a menina em volta de casa…. e ela já cruzando a fronteira!!! Hahahahahaa! Pedaaaaaaaala!!!!!

E é verdade ó, tá aqui.

Visualiza o fim de semana

Tá, visualiza a situação do fim de semana.
Sábado, solzinho, ok. Fomos dar umas voltas no centro, fizemos as compras da semana. David quis comer no KFC. Eu quis morrer de catapora. Se você tem um marido como eu sabe o que é a vida com catchup. Pra que comer aquele hamburguinho tosco do restaurante que tem salada?? Não, quer o tal do Kentuchy Fried Chicken. Poutes grila, meu e a minha dieta?? E os quilos que eu ganhei e ainda não foram embora? Ok, resolvi ceder ao KFC. Tinha uma tal de wrap barbacue. Eu amo barbacue e, teoricamente, wrap (tortilla) tem menos fermento que pão… resolvi analisar a oferta. Frango empanado, alface, tomate, molho barbacue, queijo, maionese, hash brown e bacon. Putz, bacon não. Eu adoooooro, mas economizaria umas 300 calorias sem ele. Manda a mulher fazer sem bacon. Resumindo. O meu pedido foi um wrap sem bacon, sem hash brown, sem queijo e sem maionese. A mulher ficou olhando pra minha cara como se tivesse numa reunião dos Vigilantes do Peso. Eu disse, é isso aí, pode cobrar o valor de tudo mesmo… no problem… pague 1, leve menos 500 calorias.
Mesmo assim, tendo lutado contra o KFC, fiquei com um peso na consciência que Deus me ajude… de TPM (leia-se: me vendo no espelho dos horrores, três vezes maior), comecei as minhas crises.
Aí à noite tive que comprar absorvente de emergência. O único que achei foi um revival anos 90, sabe? Tipo “MODESS”????? Lembra da tua primeira menstruação, que te deram aquela almofada chamada Modess, que nem vinha empacotado individualmente, e você teve que reaprender a andar de fralda? Pois é. Foi isso aí, me senti de Pampers ontem.
Aí visualiza. Domingo, onze da manhã, friozinho e garoa. Eu de “chico”; de faldra geriátrica, morrendo de cólica e me vendo no espelho dos horrores. Resolvi ir pra onde? Pra cadimia, lógico. Visualizou toda a cena???? Pior que isso só neve. E tem mais! Vinte minutos de caminhada morro acima só pra CHEGAR na academia. E ainda depois disso ter que malhar?? Musculação, trinta minutos de crosstrainer, trinta minutos de spinning. E mais vinte de caminhada de volta pra casa. Aí eu chego podre, verde de fome, e o cidadão pergunta se eu quero um Mac Donald´s… aaaaaah tenha a santa né!! Aí ele fala “eu fico tão orgulhoso de você quando você vai na academia”… e a besta aqui acha lindo. Desiste do frango frito que é mais fácil!!!!
E lembre-se: tudo isso de fralda! Depois dizem que mulher é que é sexo frágil…

A menina do francês

Ele se chamava Marcos. Me lembro dele como um moço fino, de classe, de família. Educado, alto e muito bonito. Diziam que na faculdade era muito popular, sempre chegava com uma porção de meninas penduradas. Todas queriam seus lábios, seu corpo, seu dinheiro. Não era sempre que aparecia moço tão bonito e tão bem de vida.
Eu sei que ele trabalhava ali por perto e sempre frequentava aquele café. Perto das cinco da tarde ele pedia um café latte e um muffin de chocolate. Eu também frequentava aquele café e o via todas as tardes. Com uma penca de mulheres vestidas de tailler penduradas no seu pescoço, todas querendo um pedaço dele, um pouco de atenção. Ele parecia gostar da fama, mas pra ser bem sincero nunca o vi acompanhado. Logicamente deve ter tido muitas mulheres, eu é que nunca vi.
Mas eu lembro direitinho o dia que aquela menina entrou no café. Ela se sentou sozinha na mesa, pediu um chocolate quente. Tirou o sobretudo e o ajeitou na cadeira, fazia muito frio naquele começo de noite. Ela tirou um livro da bolsa, um lápis e começou a ler. Lembro que consegui decifrar o título do livro, era um livro de francês. Acho que ela estava estudando porque treinava a pronúncia num silêncio desses de oração, e bem dava pra ver o biquinho que ela fazia.
A menina não tinha muito que me chamasse a atenção. Era um pouco acima do peso, bem vestida, tinha o rosto muito bonito, mas naquela calmaria e solidão nem se destacava. Ela se incomodava com a dobrinha da barriga e puxava a blusa para baixo a todo o tempo. E acho que tinha um pouco de vergonha também pois mantinha a bolsa no colo. Ela era comum, usava um rabo-de-cavalo que prendia seus cabelos castanhos e lhe mostrava mais as feições. Feições de menina fina. Naquele momento ela estava de óculos, um óculos vermelho de moldura quadrada que até combinava com ela, mas lhe dava um ar acadêmico demais pro meu gosto.
Eu sei que ela me chamou a atenção, mas não foi por ela. Foi por ele. Eu vi os olhos do Marcos se voltarem para ela assim que ela entrou. Ele parou de conversar com as outras mulheres e seus olhos até pareciam brilhar um pouco mais. Não entendi exatamente o que acontecia, todas aquelas mulheres esculturais, extrovertidas em volta dele e ele olhando para a acadêmica gordinha? Não era coisa que eu esperasse do Marcos, não pelo que eu escutava dele.
Voltei meus olhos para ela e tentei desvendá-la. Ela me parecia tímida, mas ao mesmo tempo um pouco confiante. Nem ao menos percebeu que o Marcos, aquele cara tão boa pinta, estava vidrado nela. Ela continuava fazendo biquinhos e tentando falar francês.
Por um momento, eu me apaixonei por ela. Comecei a percorrer a sua beleza com meus olhos e analisei cada centímetro daquela mediocridade feminina. Tão comum, tão simples e tão bela. Como dessas margaridas, ervas daninhas que a gente vê a toda hora e não presta atenção. E quando pára para olhar percebe a magnitude da beleza das pétalas, uma sobre a outra, o contraste do branco com o amarelo, a majestade do caule fino que eleva uma cama de flor. Sim, ela era bonita a menina. No meio de toda aquele disfarce, ela era linda.
E o Marcos também deveria estar enfeitiçado, continuava olhando. Mas então ela fechou o livro, bebeu o chocolate quente e começou a guardar as coisas de um jeito como se fosse embora. Marcos ficou meio atordoado, pediu a conta e hesitou em falar com ela. Deu pra ver que ele queria se levantar e ir até lá, e a menina até demorou um pouco pra sair, mesmo sem saber o que acontecia a sua volta.
Ele se levantou, pagou a conta, pegou suas coisas e caminhou na direção dela. Pensei, agora é a hora. Não, ele passou reto, continuou olhando, mas simplesmente passou. E se foi.
E a menina, sem saber de nada, foi embora também.
Eu nunca mais a vi, em todas as tardes de café. O Marcos eu sempre vejo e sinto que ele sempre procura por ela. A toda hora o pego olhando pra porta, até está pensando em estudar francês, me disseram. Eu acho que no fundo ele teve um pouco de vergonha. Não dela, mas por ela. Vergonha por ela não ser o troféu que a sociedade esperava de um rapaz como ele, não era moça para ele, alguns diziam.
Eu ainda acho que a menina do francês era perfeita para ele. E tenho certeza de que o sentimento que despertou naquele moço era diferente de muitos outros. Eu disse que conhecia o Marcos há tempos. Talvez ela fosse a pessoa certa na hora errada. Eu prefiro acreditar que aquilo era uma oportunidade… uma oportunidade de ele ser feliz de repente com alguém um pouco mais humano do que as mulheres plásticas a sua volta. Mas as oportunidades são como trens. Passam. Às vezes até voltam… mas raramente trazem as mesmas pessoas.