Por favor, não volta

Eu já te pedi uma vez, não, não volta. Não coloque sobre mim seus clichês, sua meia dúzia de frases elaboradas há tanto tempo para essa ocasião. Quantas vezes ensaiei o que dizer, construí roteiros no meu travesseiro, porque o que eu queria que dissesse nunca foi dito pelos teus lábios e eu não sei mais se confio na linguagem dos olhos. Então não venha agora me pedir pra ficar, pra voltar, pra ser, pra não esquecer os golpes no estômago que sufocaram meus melhores sentimentos. Não derrame em mim toda a frustração dos seus quase amores e não, por favor, não descubra agora que sempre fui eu. Porque a gente sempre soube, a gente sempre sabe e, ainda assim, você preferiu esfaquear com muito zelo cada ferida aberta em mim.
Que te quero muito bem, mas seu coração é perigoso.
Fique onde está. É bonito assim, olhar de longe, quando a dor virou saudade, a mágoa, entendimento, quando o amor virou carinho. Deixe assim, encostando levemente a cabeça no ombro oco do meu coração; me deixa dormir nesse pesadelo compreendido que durou a brevidade de um amor pra sempre. Me deixa aqui para que continue amando o que era, o que fomos, pois já não sei se amaria o que está. Então, não volta, por favor, não volta, mas segura a minha mão e não me deixa escapar nunca mais.

2 comentários sobre “Por favor, não volta

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