Quando duas literaturas se encontram, existe um choque parecido com uma explosão estrelar. É matéria pura esculpindo o novo, é energia se fundindo com a criatividade. São sóis colidindo, brilho que cega os que relutam, enfiados dentro de uma caverna de Platão.
Quando duas literaturas se encontram, a tsunami é cósmica, o amor é riso, a cefeida é a poesia que jorra da sua boca. A velocidade da luz expulsa massa dos seus dedos, acompanhando um raciocínio que quase não existe; quem escreve dá à luz, gera, nasce de novo. A colisão é essencial, é massa gerando nova massa em papel.
Se literatura é para tão poucos, supernova é fenômeno dos mais raros. É fácil reconhecer a explosão iminente em quem enxerga a liquidez do ser humano. Se me bebes, te escorro. Se te inspiro, me expira. E que o mínimo aceitável seja a inundação da criatividade. E se existe um momento especial para a humanidade, ele está no exato segundo em que o choque de supernovas transborda a literatura.
Duas literaturas, comparações estelares, colossais…
Conhecimento e sensibilidade num mesmo tempero, explosões dinamitadas por corações semelhantes, união violentamente homogênea, matemática de adição e multiplicação.
É o ritmo que assombra os músicos mais virtuosos, canção de rimas ricas, até superfaturadas. Exagero, auge, latitude e longitude que geram o meridiano da cumplicidade.
Meu deus, Mi, como pude ficar tanto tempo sem vir aqui?