Que volte inteiro

Noite passada eu sonhei com você, me olhando de longe, daquele jeito que só eu sei quando você me olha, meio alheio a todo esse amor que existe entre a gente. E como se o sonho quisesse se tornar realidade você me segurava o rosto e dizia, entre beijos involuntários nos meus lábios, que não queria me perder. Que não iria me perder, não dessa vez. Não mais uma vez.
É que me lembro dos seus olhos assim, sabe, me olhando de perto, me pedindo pra ficar, pra não ir a lugar algum que você não possa vir junto. E de repente, quando eu acordo, tudo vira líquido nos meus dedos e você me escorre. Me escorre, porque quem virou aquela esquina foi você, porque quem desistiu do que crescia muito rápido foi você, porque você sabe que não tem outra saída e você, babe, é daquele tipo de pessoa que prefere matar um amor quando não se pode ter expectativa de viver um relacionamento. E a verdade é que relacionamentos não existem e o que existem são apenas histórias, e a nossa, ah, a nossa é quase o enredo de um filme cult, uma letra de tango argentino, desses que se ouve chorando e sorrindo de dor e alegria. Porque a nossa história é linda e dói. Mas dói só quando você não está comigo.
Então talvez um dia eu queira que você volte. E fique. E que nunca mais dobre aquela esquina outra vez, olhando para trás, e levando metade de mim contigo. Mas por enquanto tenho que cuidar de mim, abstrair suas metades, seus fiapos de amor e ilusão.
E quando voltar, que volte inteiro. Sem essa pose de defesa, sem essa armadura em forma de medo. E entenda a gente como uma possibilidade de uma história bonita. Uma história com h, feito essas que acontecem de verdade, ainda que somente dentro do coração.

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