Boratborathalamhalam

No Mr. Cod, um restaurante fast food estilo McDonald´s, o indiano perguntou alguma coisa pro meu marido:
– Boratboratboratboratboratborathalalamhalalam?
Marido respondeu:
– Yes, please.
Eu logo dei um grito dizendo que não queria vinagre na minha batata (eu entendi, claro, sou poliglota), olhei feio pro marido prestes a cometer o maior crime da humanidade que se comete nessa ilha, colocar vinagre na batata frita, onde já se viu!
– Babe!! Ele ia por vinagre na minha batata e você só no yes, please?? Falei três vezes pra você dizer não pra ele!
– Ah, foi isso que ele disse?
– É! Você não ouviu? VINAGRAAAVINAGRAAA (fazendo sotaque indiano).
– Não…
– E por que você disse yes, please, então????
– Pra mim, ele perguntou se eu queria comprar o cara atrás do balcão. Do you wanna buy the man behind the counter boratboratborathalamhalam. Fiquei sem graça em dizer não.

 

HAHAHAHAHAHA de onde ele tira essas coisas???

Amarra

Então tente controlar todos os impulsos elétricos que insistem em agir mais do que devem.  Algeme cada dedo para que não escreva nada, corte a língua fora para que não chame. Amarre o coração com nós cegos para que ele não grite mais que a boca. Segure todas as vontades, engula-as com água. Finja que o que bate no peito não martela na mente. E quem sabe assim o passional se transforma em racional, quem sabe assim a gente vira outra pessoa, quem sabe assim o que tem que se acalmar se acalma, quem sabe assim você volta a gostar de mim.

200.154

Duzentos mil, cento e cinquenta e quatro acessos. Só fui ver isso hoje. O Samba ultrapassou a marca de duzentos mil acessos e, para um blog pessoal, sem pretensão nenhuma, isso é mais do que uma conquista!
Queria agradecer à cada um de vocês que passa por aqui para ler um pouco do que eu escrevo, para buscar inspiração ou se identificar. Nunca imaginei que um dia fossem ler meu caderno rabiscado duzentas mil vezes!
Muitíssimo obrigada, eu escrevo para que me leiam sim, e nada me deixa mais feliz do que conseguir tocar alguém lá dentro através da minha escrita. Isso, para mim, é uma honra indescritível, pois sei exatamente qual é a sensação de se ver e se sentir através de um texto.

E como diria Drummond em sua última crônica para o Jornal do Brasil, “aos leitores, gratidão, essa palavra-tudo“.

 

Nos vemos nos próximos acessos!!
Obrigada, galera! 🙂

Fraqueza

Se eu estiver num dia ruim, não precisa vir, não espero carinho de ninguém. Infelizmente aprendi a suportar as dores sozinha, a vida longe de tudo se encarregou de me ensinar. Mas se decidir vir, só te peço um favor: venha apenas com o coração. Caso contrário, respeite a minha fraqueza de longe.
Não é ego, não é drama, é apenas meu lado humano mais fraco. Pedras não ajudam ninguém a se levantar. Mãos, sim.

Olhos brilhantes

Madalena é a menina que mora na casinha azul da rua sete. Seu quarto dá para o quintal da casa e sempre tem um vasinho de violetas na janela. Mas Madalena quase nunca fica por lá.
Ela gosta mesmo é de ficar na calçada da porta de casa vendo a vida passar. Todas as tardes senta sozinha com seu caderno de poesias e busca inspiração até escrever uma. Só não é por causa da poesia que a menina passa a tarde ali; é por causa da inspiração: Joaquim. O filho do português, dono da venda que fica em frente à sua casa. Toda tarde Joaquim vem ajudar o pai na venda.
Madalena tem os olhos brilhantes por Joaquim. Ainda mais quando ele carrega ossacos de cebolas de um lado para o outro e seus cabelos negros caem pelo rosto molhado de suor. Joaquim também tem os olhos brilhantes por Madalena. Ainda mais quando ela escreve e seus cachos cor de mel tentam delicadamente entrar no decote de seu vestido. Mas Madalena e Joaquim só se conhecem pelos ois, tudo bem e como vai.
Ela nunca namorou, dezessete anos de pura virgindade. Nunca deu um beijo sequer. Madalena não quer qualquer um. Diz que antes só do que mal acompanhada. Acredita em príncipe encantado chegando de cavalo branco e buquê de flores. Ou em príncipe encantado chegando de bicicleta com um saco de cebolas.
Madalena tem os olhos brilhantes por Joaquim, mas só os olhos, porque o resto treme só de chegar perto dele. Morre de vergonha e todas as palavras que sempre quis falar não saem nem bem baixinho da boca. Entalam na garganta como um nó de marinheiro.
Madalena é menina boba, sonha em se casar na Igreja de véu e grinalda com Joaquim. Em morar na casa amarela de portas e janelas brancas da rua dezoito. Em ter quatro filhos e um gato. Não sabe como é beijar, mas beija Joaquim em todos os seus sonhos. Não sabe o que é sexo, mas tem desejos molhados todas as noites. Joaquim não faz questão de se casar com Madalena, embora já tenha pensado nisso. Gosta do seu sorriso, do seu olhar, do seu oi trêmulo. Imagina seus beijos, seu cheiros, seus gostos, seus seios.
Madalena tem os olhos brilhantes por Joaquim, que tem os olhos brilhantes por Madalena. Mas o problema é que todas as tardes – entre a casinha azul e a venda do português – os dois esperam a vida passar e, ah, como ela passa devagar na rua sete.

 

 

*Este texto foi escrito por mim em 1997, quando eu  tinha 17 anos.

Do seu sorriso torto

– Você não sabe tudo sobre mim.
– Sei sim. Que você tem o melhor coração do mundo e o maior sorriso que eu já vi, e isso é suficiente.
– Você ainda não sabe do meu sorriso torto.
– Você é que não sabe que invento todas as vertentes do seu sorriso aqui dentro, onde eles sorriem só pra mim. E nos meus olhos você está sempre sorrindo.

Quanto amor

Na cama, num abraço apertado de uma manhã de sábado, eu falo, toda romantiquinha:
– Podemos ficar assim pra sempre?
– Não…
– Por que não?
– Porque daqui eu não consigo ver a tv. Se a gente trocar de lugar, tudo bem.

 
HAHAHAHAHAHA.

Preguiça unilateral

Não sei você, mas eu ando com uma certa preguiça do mundo ultimamente. Uma preguiça de interagir com as pessoas, de ir atrás,  alimentar, cultivar,  preguiça de regar cada relacionamentozinho com um regador  pesado demais. E não é desistência, é uma preguiça de unilateralidade mesmo. Talvez seja apenas uma fase de reclusão involuntária ou voluntária, talvez seja uma reação. Alguma superficialidade latente que me faz sentir como em uma competição de tempo, um dever de correr atrás de todos os vasos de relacionamentos humanos que eu tenho para regá-los. Todos os dias, todas as horas, uma corrida incessante que me deixa exausta e com sono. Queria uma estufa pra colocar todos esses vasos humanos e deixá-los lá crescendo, dando frutos, morrendo, que fosse.
Talvez seja apenas uma dessas minhas fases arredias, ariscas, esse lado meu é tão incógnito que nem eu mesma sei lidar. Talvez seja apenas um excesso de informação, de pessoas, de acontecimentos, talvez seja a hora de não somente parar de esperar qualquer coisa dos outros, mas também de aprender a ser seletiva.
A verdade é que a distância afasta e exige demais de você para que as coisas não morram. Preciso de uns dias em Júpiter, uma casinha perdida, um celular desligado, um livro, um pouco de amor e atenção reais, bilaterais, fáceis.

 

PS: Isso não é uma carapuça pra ninguém em particular, não a vista. 😉