Neste presente momento estou passando por crises de calor, suadouro, vertigem e enjôo.
Acabei de avistar uma aranha no teto da minha sala. O corpo dela é do tamanho de uma formiga. Mas as peeeeernas, meu Deus!! Praticamente uma Barbie-aranha, de tão longas!! Com as pernas ela fica do tamanho de uma laranja.
Pior é que eu estava no sofá assistindo Gilmore Girls e olhei pra cima, vi um bichinho com uma névoa em volta se mexendo (tava sem óculos… coff, coff…) Não liguei tanto. Até que comecei a viajar no fantástico mundo de Bob e resolvi pegar o óculos. Quando coloquei as lentes da verdade, todos os sintomas da primeira frase começaram…
Pior é que tô a caminho de London, London e o gringo só chega às 17h. Ok, eu não tenho medo de aranha. Só não gosto de dividir o mesmo teto – no sentido mais literal da palavra. Por isso, neste momento, estou com o laptop raptado pro quarto. E a dona aranha tá lá, soberana, reinando a minha sala e cantando “tá dominado, tá tudo dominado”… talvez em inglês.
Hoje tô me sentindo em 1930. Passei a manhã fazendo as unhas, cuidando do cabelo e afins, passei roupa… Sim, fiz as unhas!!!!! So-zi-nha!!!!! E pintei de Carmim!!!!! Acreditam? Ai que orgulho de mim mesmaaaa!!!!
Depois, pra completar, fiz uma sopa de legumes com frango deliciosa, até o David repetiu… tô muito prendada mesmo… vou desligar o computador e tentar uns pontos-cruz… 😛
Ontem eu passei o dia em casa, um dia lindo, esperando uma amiga que veio do Brasil e tá em Londres me ligar pra vir pra Reading. Achei que ela viesse depois do almoço, então fiz faxina de manhã, me arrumei e esperei. Esperei, esperei, esperei… até o David chegar em casa.
Às quatro e pouco recebi um email dizendo “estou indo pra Reading, te encontro na estação às 5:15”. Saí de casa, fui à pé pra estação (meia hora de caminhada), cheguei lá às 5h. Em pé, fiquei na frente das catracas do povo que sai dos trens para entrar na cidade. Tava um vento frio, e eu já com a garganta meio esquisita, comecei a me sentir meio mal, tipo comecinho de gripe.
Esperei. 5:15 e nada. 5:30 e nada. 5:45 e nada. Deu seis horas liguei pro David e pedi pra ele ver se tinha email pra mim. Nada. Pensei, ela deve ter pego o trem que demora 1 hora ao invés do trem rápido de 25 minutos. Esperei mais. Quando deu seis e meia, minha outra amiga brasileira me ligou e disse “Mi, não espera mais que ela não vem mais… acabou de me ligar!”. Caraaaaa eu fiquei PUTA, de um jeito que eu não ficava há muito tempo. Uma hora e meia em pé, que nem uma idiota!!! E me sentindo mal!!!!
Essa outra amiga disse que a menina tinha tentado me ligar várias vezes. Mmmm… estranho, porque essa conseguiu me ligar duas e o David uma, porque a outra não conseguiu??? Fiquei irada.
No fim fui encontrar essa pra me acalmar… um café e um cookie na Starbucks. E café com creme, porque eu tô com raiva e vou descontar no creme, sim!!
Eu sou muito boazinha mesmo, preciso parar com essa mania… Bonzinho só se fode.
Às vezes eu queria ter uma vida meio Gilmore Girls… Morar numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos, com coreto no meio da praça, onde todo mundo se conhece e se reúne na lanchonete do Luke.
Parece que a vida passa mais devagar, as coisas acontecem com mais intensidade e as pessoas interagem.
Ok, eu moro numa cidade do interior… da Inglaterra. Não tem coreto na praça, nem uma lanchonete onde todo mundo se encontre. Não tem “reunião de comunidade”. Aqui os vizinhos mal se olham na cara, ninguém se cumprimenta… todo mundo vive no seu mundinho ultrapassado e careta. Todo mundo faz as mesmas coisas, enfeita as paredes com horrendos papéis de parede, carpetes estampados, colocam aqueles carpetinhos embaixo do vaso sanitário. Lavam a louça na água suja acumulada numa bacia dentro da pia. Lavam a louça ensaboando e colocando direto no escorredor, nem enxaguam. Tomam banho de banheira e nem se enxaguam depois. Comem peixe à milanesa com batata frita e ervilhas enlatadas, e seguram o garfo ao contrário. Gostam de umas porcarias chamadas de sausage rolls e pasty, um monte de carne processada coberta com massa folhada. Dia feliz termina em meio litro de cerveja, só pra começar.
Sábado de manhã é dia de ligar o cortador de grama às 8 da manhã, mas só no verão. Se fizer sol, façamos um belo churrasco de hamburguer industrializado, sausage (que tá longe de ser uma linguiça) e pão de forma com manteiga. Se vier mais gente, coloca umas espigas de milho e pronto, virou churrasco.
Diverão aqui é passear no shopping de dois andares e vinte lojas, ou na High Street, no máximo no Forbury Gardens, um mini-parque. Acabou. Não tem mais o que fazer… cinema ou pub? Cinema. Com hot dog de sausage de novo, batata frita de saquinho, muitas que é pra não economizar. Sabor queijo com cebola ou sal e vinagre.
Ô tédio desse país…. ô povinho mais sem perspectiva….
PS: Ainda bem que o David não tem absolutamente nada disso, a não ser os hábitos alimentares!!!
Esse país aqui é viciado em caridade. Tem caridade pra tudo, dia do nariz vermelho, dia das calças erradas, dia do esporte, vários eventos voltados para levantar fundos para as associações. Eu acho ótimo, me sinto às vezes persuadida e corrompida em doar os “only 2 pounds” por semana pra salvar os gatos cegos da Malásia.
Na verdade vira e mexe eu choro com algum anúncio deles. Eles apelam, apelam até você encher os olhos de lágrima (ou no meu caso, soluçar mesmo). É dois pounds por semana pra salvar as crianças que sofrem abuso doméstico, um pound por semana pra ajudar os cachorros que passaram por maus tratos, mais libra para as pesquisas de câncer, para as crianças cegas, para a construção de poços artesianos na África, para garantir água limpa pras crianças na Índia… enfim. Até o dia que vi um que eu quase morri de tanto chorar e depois me liguei… meeeeu, Deus, até onde isso vai???????? Era pra salvar os burros. Sim, os burros, jumentinhos que ficam no deserto carregando carga nas costas, sem água, morrem de sede, à Deus dará. Mostraram o burrinho cheio de feridas nas costas, nas patas, em estado de inanição, apanhando… enfim. O David chegou em casa e eu estava aos prantos. E ele querendo saber o que foi. Eu desembestei a falar do burro, das cicatrizes, dos maus tratos, o burro com câncer que apanha da mãe, do poço artesiano no deserto pra dar água pro burro, do cachorro abandonado pra fazer companhia pro burro e por aí foi… Se eu continuar assim vou é ficar pobre.
Artigos definidos
Tem uma coisa aqui na Inglaterra que eu acho muito interessante. Bom, todo mundo sabe que aqui não existe artigo definido… no inglês não tem “o” e “a” pra gente dar um pintinho ou uma xaninha pra coisa, seja bicho ou mesa. E não é que – MESMO ASSIM – eles usam as porcarias e me confundem até???? Pois é… carro pra britânico é SHE. She por que???? Não sei. Poderia pensar “she” por causa de “machine”, mas quem foi que disse que machine é feminino??? Máquina, pra gente é. Pra eles não existe. Mas o carro – e o barco – continuam sendo substantivos femininos. Planta é HE, árvore é HE, até flor é HE!!!!!!! Não pode!!!!!! Flor é mulher!!!!!!
Bicho pro David é tudo HE. A aranha (spider) é ELE. Eu já disse que não, que aranha é ELA. A pomba (pigeon) é ELE. Não!!! É A pombA!!! Aí a gente geralmente concorda com alguns, tipo… tipo… tipo… O esquilo (squirrel), o hedgehog (ouriço)… aí vem ele do além e chama o sapo de SHE. Meu…. isso me dá um trabalho… não era mais fácil os caras terem artigos??????
Verão inglês
Oficialmente, o verão tá aqui. Na prática, pra brasileiro isso ainda é piada. Não vou dizer que aqui não esquenta, mentira, faz até 35ºC porque eu já vi. E fica quente pra caramba…. Mas verão aqui, meus amigos, não é uma estação… é dia!!! Tipo, fez 28ºC??? Pára tudo, pega o carro e se manda pra praia pra ainda dar tempo de pegar um solzinho??? Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje, aqui os dias quentes duram um dia mesmo, e só. Tipo, terça feira fez 28 graus. Dia lindo, sol, eu tomei sol de biquini na grama da universidade (para espanto do povo), ativei umas melaninas hibernadas e deu. Pra que outro dia de sol????? Ontem choveu o dia inteiro. Hoje o tempo tá besta que só vendo…. É assim, verãozinho “pra inglês ver”….
Olha aí, tô terminando o post e a tv já tá “for only one pound a week you can sponsor a dog in need… we never put a healthy dog down, but they need your help. Lucy is a lively and happy dog now, but it didn´t use to be like that… her owners moved out and left her in the place, abandoned them to starvation and loneliness (aí aparece a pobre da Lucy jogada num canto duma casa vazia, molhada, com cara de cachorro sem dono…. aaaaaaai que dóóóóó!!!!!)
Gente, o show do Bon Jovi foi inexplicável, por isso nem sei se vou conseguir colocar em palavras…
Bom, os portões abriam às 16h. Eu e o David saímos de casa às 12h, pegamos um trem de 58 minutos direto pra Twickenham. Chegando lá, tinhamos que esperar o tal do cara da Ebay que ficou de levar os tickets… e o meu cagaço???? Já tava ensaiando minhas lágrimas caso ele não aparecesse… eu era capaz de comprar de cambista se ele desse o cano… O cara foi muito sacana porque disse que tinha os tickets, a gente mandou vale postal de 87 libras e só depois ele disse que tinha que pegar na hora na bilheteria… Como uma amiga minha também passou por isso, achei que ele estava sendo sincero. Só que a gente combinou com ele às 14h e ele só apareceu às 15h. Eu já tava mastigando vidro nessa hora….
Fomos pro portão do standing às 15:30. Pra uma brasileira, tudo aquilo tava muito estranho. Quase nada de fila, quase nada de gente. Acabamos entrando e ficamos na segunda fila do standing, na grade do Golden Circle (que era onde eu queria ter ido, mas infelizmente não estava affordable para duas pessoas)… Fiquei feliz da vida, tomando um solzinho, esperando “The Feeling” abrir a noite…
Até que fui ao banheiro e quando voltei o David estava em pé e tinha uma multidão em pé perto da grade. Ele disse que começaram a passar por cima das nossas coisas só porque uns baianinhos subiram no palco… resultado, perdemos o lugar. Tudo bem, ele disse que eu não ia ver nada de lá… ele com seus 1,90m não via, imagina eu!
Ficamos meio de lado do palco, de um canto que dava pra ver… as horas passaram e às 18:30 “The Feeling” entrou. Foi bacana, mas nessa hora eu já tava tremendo. Olhei o “placar” do estádio e começou a anunciar “Twickenham Stadium welcomes Bon Jovi”… Eu só falava “Oh my God, oh my God, oh my God”.. Nessa hora eu tava enrolada na minha canga do Brasil…
Eis que então surgiram David Bryan, Tico, Richie… um de cada vez… e o Jon!!! Caraaaa eu pirei!! A primeira música foi “Rocking all over the world”, um clássico britânico!
Eu sei que eu tentei, tentei ao máximo segurar mas não aguentei. Quando vi já estava chorando, com os olhos escorrendo lágrimas, as mãos tremendo sem parar… Ah, gente, poxa… já disse, eu era estranhamente viciada em Bon Jovi com doze anos e durante toda a minha adolescência… era do fã clube, só ouvia as músicas dos caras, sabia de tudo de trás frente, planejava ir pra New Jersey, sonhava em casar com o Jon… enfim… it was all coming back to me… O último show que eu tinha ido tinha sido no Ibirapuera em 1995, a última vez que eles se apresentaram no Brasil… Depois vi o Jon no Programa Livre (isso é história pra outro post), fui até o programa, fiquei a 1 metro dele e chorava que nem uma retardada de um jeito que a produção quase me colocou fora do estúdio… Tipo, 13 anos depois, ansiando por um momento desses, eu só podia acabar chorando mesmo!! Tá, mesmo com quase 30 anos na cara!!!
Enfim, o show foi acontecendo, o set list estava incrível, muita música antiga, inclusive três das minhas preferidas “Blood Money” (do Jon), “I believe” e “In these arms”… O Richie cantou “I´ll be there for you”, foi inacreditável!! Fora as clássicas “Living on a prayer”, “Bad medicine”, Wanted dead or alive”, “Born to be my baby”… Até “Twist and shout” e “Mercy”, da Duffy, eles tocaram!!! Eu tinha um sorriso tão grande, o cabelo todo despenteado, dor nas pernas e na coluna de tanto pular (quando vocês virem o video vão entender hahaha)… Acabei a noite com tudo doendo, sem voz, quebrada, morta de cansaço… pegamos uma fila de 1 hora pro trem de volta pra Reading – parecia que tinham aberto a porteira, de tanta gente andando na mesma direção… tipo “eeee ooooo vida de gaaaado”…. Bem por aí…
O show acabou, o Jon estava liiiiiiiiiindo com seus 46 aninhos de rugas, bronzeado, cabelo mais escuro, peito depilado (quem conhece o Jon do passado sabe a diferença hehehe)… Mas enfim, foi uma das noites mais incríveis, o melhor show do Bon Jovi que eu já fui…
E agora eu tô com deprê pós Bon Jovi… coisa que eu não tinha desde adolescente!!!
Próxima turnê eu vou seguir os caras pela Europa, e de Golden Circle ou Side Stage Experience… Ah, se vou!!
Assistam a um dos videos!!! Born to be my baby, o David filmando, e um pontinho verde e amarelo pulando, quase que de pogobol, completamente freak hahahahahahaha!!!!!
Em “Always” tem os meus gritos e eu cantando!! Hilário!!!