Segundona OFF

Segunda de folga, só essa nessa semana. Passa amanhã. Hoje vou ficar aqui, quietinha.

PS: Dá um look no tempinho lá fora…

Passa amanhã

Um dia de folga por semana tá me espremendo até a última gota. Ontem foi um deles.
Acordei tarde, demorei horas pra tirar o pijama. Tinha uma “to do list” bem facinho:
– Arrumar a casa,
– Limpar o banheiro,
– Lavar a louça,
– Responder 3 emails,
– Ir ao médico pegar meu anti-concepcional,
– Emendar o médico com academia (só 1 hora e meia, Milena, não vai morrer…)

O que eu fiz? Item 2. Limpei o banheiro. Só. O resto ficou esperando na medida em que minhas pantufas de vaquinha esquentavam meu pé. O dia foi alternado entre sofá, twitter, televisão e cama. Não necessariamente nessa ordem.
Quando o gringo chegou eu estava um fiasco feliz. Sem maquiagem, descabelada, dane-se (se o @edutestosterona tivesse me visto ontem JAMAIS me colocaria na lista de hot girls do twitter…)
Tratei de me arrumar um pouquinho mais – tipo, pentear o cabelo e colocar uma roupinha que não me lembrasse faxineira.
Hora de dividir um vinhozinho e aproveitar a longa noite com ele. Gostosinha. Porque hoje, meus queridos, pra mim é segundona. Nada de pantufas de vaquinha, trabalho até às oito da noite.
Segunda tenho o único dia de folga da semana que vem, e juro que vou ter que tomar uma dose de boa vontade bem grande e ir na academia. E, e, e pegar meu anticoncepcional, porque se eu não tomar na Quarta, estarei fritinha.

Boletim de goiabinha

E acabei quase largando esse canto aqui, hein! Tá, não exagera, Milena. Antes você não tinha o que fazer, por isso escrevia quinhentos posts por dia. Agora, além de twitter, tem goiaba. Pois bem, falemos das goiabas.

O trabalho melhorou muito esse mês, principalmente depois que a mulher louca saiu. E também porque a pressão tá bem menor, já que é Natal e a gente tá vendendo como água.
No ranking da Inglaterra, a loja de Reading – que estava em sétimo – passou pra segundo lugar. Batemos até Londres.
E quem é co-responsável por isso? Sim, sim, palmas para mim!
Sou a top seller da loja, ganho a primeira comissão este mês. Em cinco semanas fui top seller todo santo dia. Além disso, fiz a maior venda do mês na Inglaterra toda. Taquei goiaba em um casal que apertou o pin para 398 libras. Acreditem, eu até tremi na hora de digitar.
Ganhei vinho da minha gerente e com comissãozinha meu Natal vai ser mais decente, vai.
Esses dias tenho vendido muito pra homem. Impressionante, não perco um cliente macho. Todos saem de lá com um colarzinho, pulseirinha, anelzinho, o set todo – porque quanto mais peça casada eu vendo, melhor pra mim.
Ontem, assim que cheguei na loja, veio um cidadão homem. Parou na minha frente, quase não falou nada e eu desembestei a mostrar os colares de opala. Como ele só me olhava e não falava nada, achei que ele não falasse inglês, era bem negro, parecia africano. Mas aí, as pouquíssimas coisas que ele falou vieram com um inglês muito do bom. Comecei a achar que ele era meio “especial”. Eu mostrava uma coisa, ele dizia ok, mostrava outra, ele dizia ok, mais uma, ok. Virei pra ele e disse “são 72 libras”. Ok. Peguei a maquininha de cartão de crédito e repeti. “72 libras”. Ok. Pensei “se ele é meio patso não vai saber a senha do cartão”. O cartão aprovou. O cara foi embora e eu fiquei com uma sensação meio Bispo Edir Macedo, mas eu não fiz nada demais, eu só fui boa de lábia. Acho.
As meninas que trabalharam comigo ontem estavam chocadas. “Foi a venda mais fácil que eu já vi”. Foi a venda mais estranha que eu já vi.
Chegou outro sujeito macho. Vai lá, Milena, homem agora é só com você.
– Tá procurando alguma coisa em especial?
– Não, só tô olhando.
Deu dez minutos e mais um saiu com outro set perfeitinho pra mim.
Chegou outro. Mesmo papo, só tô dando uma olhada. Comecei a falar, mais uma vez os olhinhos fixos e um monte de “ok”, pin number e mais um set vendido. 113 libras.
Minha gerente disse que eles entram em transe, então agora sou a vendedora oficial da loja para sujeitos machos. Pra mim, eles estão é tentando entender o meu sotaque.

E dá-lhe goiabinha pro Natal!

* Goiaba, goiabinha e jujuba = semi-jóia.

Por que Paris?

– Por que você adora tanto Paris?
– Você quer motivos?
– Sim.
– Enumerados?
– Sim.
– Por sua conta o risco.

1. Porque Paris é, sem dúvidas, uma das cidades mais lindas do mundo.
2. Ver a torre Eiffel, em qualquer cantinho do olho, de dia e à noite é indescritível.
3. Só Paris tem Saint-Germain Des Prés, o bairro mais descolado, bacana e intrigante que existe.
4. Dá pra comprar todos os cosméticos,  maquiagem e perfumes que você sempre quis por um preço razoável.
5. É lá que fica o Centre Pompidou. E o restaurante do último andar tem uma das melhores vistas da cidade.
6. Só lá se pode assistir ao pôr do sol de Montmartre, num fim de semana à tarde (experiência impagável).
7. Avenue Montaigne é lá.
8. É na Catedral de Notredamme que você verá as rosáceas mais bonitas que já viu (e uma das arquiteturas, também).
9. As pessoas são chiques, elegantes, lindas de morrer e não fedem.
10. Só em Paris dá pra caminhar pelos Jardin des Tuileries e o Jardin du Luxembourg, que ficam especialmente maravilhosos no Outono.
11. Museu D´Orsay. Dispensa comentários.
12. Em Paris você pode tomar um café no Café de Flore ou no Les Deux Magots, onde gente como Sartre, Simone de Beauvoir, Picasso, entre outros, discutiram o nascimento do Existencialismo, Dadaismo, Surrealismo e tantos outros movimentos.
13. Paris tem a Place de La Concorde, que termina na Igreja de Madeleine (maravilhosa) e ostenta o Hotel du Crillon.
14. Só lá você poderá ir de verdade às ruazinhas de Marais. E descobrirá que se fosse pobre de Marais (pobre de “marré”), seria um pobre muito feliz.
15. Tem o rio Sena cortando lindamente a cidade.
16. O Louvre. Dispensa comentários. De novo.
17. O dia em que vir a Université Sorbonne, decorada com o Pantheon de fundo, vai querer ter nascido francês pra estudar lá.
18. Paris tem Sephoras pra ebulir qualquer estrogênio consumista.
19. Caminhar pela longa e reta Champs-Élysées, com o Arco do Triunfo sempre imponente ao fundo é uma delícia.
20. Colocar os pés na Praça da Bastilha, marco da revolução francesa, é só lá.
21. Só em Paris tem a Place Vendôme, com o famoso Hotel Ritz (vale a pena entrar) e a lindinha Place des Vosges, onde tem a casa de Victor Hugo (também vale a pena entrar).
22. Só Paris tem a verdadeira Igreja da Nossa Senhora da Medalha.
22. Só em Paris você come macarons de pistache (é o melhor) da melhor doceria do mundo, Ladurée.
23. Só Paris tem a padaria mais famosa do mundo, com seus pães divinos e carésimos: Pôlaine.
24. Só em Saint-Germain tem a La Hune, livraria mais bacana que já vi.
25. Só Saint-Germain tem a St. Lucia, melhor cantina italiana que já fui (irônico, né, mas é verdade).
26. É lá que tem Galeries Lafayette, Colette, Printemps, Monoprix, Le Bon Marché.
37. Ou Cartier, Chanel, Hermés, Jean Paul Gaultier, Louis Vuitton, Dior, Baccarat, Christian Louboutin, etc, etc, etc.
39. Só lá dá pra andar de Bateaux Mouches no rio Sena.
40. Paris tem o Opéra mais bonito, as esquinas mais bonitas, a arquitetura mais envolvente, o povo mais elegante.
41. Só Paris exala o melhor da cultura, moda, gastronomia… e tudo junto, numa coisa só.

E a cada dez minutos eu soltava outro motivo enumerado. Ainda tem um monte, poderia passar o dia falando. Eu amo Paris.

Ele viaja nas minhas loucuras

Este país tem umas manias bem bestas, como por exemplo tocar música natalina em tudo quanto é buraco, todo santo dia, toda santa hora, até o dia de Natal. É um tal de “and so this is Christmaaas” ou “last Christmas I gave you my heart, but the very next day you gave it away“. Juro. Toca até no rádio. É de chorar.
Ontem não tinha nada que prestasse na TV (domingo aqui dá ATÉ saudade do Faustão), colocamos num canal de videoclips. Batata, era tudo musiquinha de Natal. Até chegar o video de digníssimo Jon Bon Jovi, “Please come home for Christmas”. Marido sabe que eu ODEIO esse video desde que tinha uns doze anos porque digníssimo dá uns pegas na Cindy Crawford.

– Iiiiih, o clip que você adora.

E eu já fazendo bico. Na primeira “mordida” (ódio dessa pintuda), eu balancei a cabeça num gesto de reprovação.

– Não adianta balançar a cabeça…
– Ah, pô. Isso me traz sentimentos ruins. Quando eu era criança achava ser completamente possível casar com ele.
– Você ainda acha!

Hahahahahahaha. Morri de rir.
Continuei:

– Essa Dorothea é muito da idiota mesmo. Como que ela deixa? (*Dorothea é a esposa do Jon há séculos)
– Ah! Se ele falasse pra você “Milena, eu caso com você, mas vou pegar umas outras quando estiver em turnê” o que você diria?
– Diria “fechado!! contanto que você me pegue também… tamos aê”
– Então! Você acha que ela pensa o que????

Hahahahahahaha. E ele continuou:
– E outra, só assino o divórcio se ele me oferecer muito, mas muito, mas muito dinheiro.

Saudade de domingo

Essa semana fez apenas seis meses que eu voltei do Brasil, na minha última viagem. E é impressionante o quanto isso parece mais com um ano e meio do que apenas seis meses.
Quando começo a chegar nessa margem, meu coração aperta. Um dia de domingo assim me dá uma nostalgia de um passado que não volta mais e uma saudade de fazer coisas corriqueiras que estaria fazendo na Vila Madalena agora.
A nostalgia fica nos almoços de domingo, na casa dos meus avós. Era estritamente tradicional. Chegávamos lá por volta das 11:30 e domingo era dia de macarronada e frango assado. Sem tirar nem por. Muito raramente havia uma variação, mas era muito raramente.
Às vezes eu encontrava minha mãe lá, ia com o meu carro depois de sair do clube.
Tudo começava com os aperitivos do vovô, que variava entre mandioca frita, polenta, amendoins e erva-doce temperada. E ele acompanhava com um shot de cachaça com limão.
Nessa fase eles já estavam velhinhos, vovó nem cozinhava mais. Quem fazia o molho de tomates era a Graça, a moça que cuidava da casa e da vovó. E era uma delícia, feito de tomates frescos extra maduros da feira. O frango assado a gente geralmente levava. E a sobremesa, como sempre foi na casa dos meus avós desde que me conheço por gente, era fruta. Vovó não passava um domingo sem comer melancia depois do almoço. E vovô geralmente terminava com uma manga.
Pra acompanhar, muito vinho e pão italiano. E guaraná, pra dar uma abrasileirada na cena italianona.
Depois do almoço íamos eu, minha irmã e minha mãe para a sala de televisão. Vovô e vovó subiam para dormir um pouquinho.
Esperávamos eles acordarem, assistindo alguma coisa boba como “Sandy e Junior”, “Família Dinossauro” ou algo do gênero, enquanto a Graça passava um café fresquinho, coado no coador de pano que a vovó tinha há anos. O cheiro embriagava.
Eles acordavam e tomávamos café com Bis. Putz, como isso era bom. Como eu tenho saudade disso.

 

Domingos como o de hoje, com chuva incessante, me dão vontade de arrancar coisas de dentro de mim e fazer com que elas voltem a ser como antes.
Domingo em casa era dia de caminhar no Villa-Lobos ou no Ibirapuera com a mamãe e o Billy. Depois que vovô e vovó morreram, eu fiquei responsável pelo molho de tomates. E garanto que o meu é quase tão bom. Tanto que minha irmã me fez congelá-lo antes de ir embora.
Sinto falta de caminhar no parque com a mamãe, de estar com ela toda hora. De trocarmos a macarronada pelo café da manhã da padaria Santa Etienne. De passearmos pela Vila com o Billy, com direito a  cafézinho e brigadeiro do Amor aos Pedaços. Sinto muita falta de num dia assim, ir com a mamãe no shopping ou simplesmente no sapateiro.
Sinto falta de ir com a minha irmã no japonês da esquina, no Sangallo (que nem existe mais), na feira da Vila que sempre acontece num dia de calor insuportável. Sinto falta de ouvir o trio da Vila Madalena passando, olhar pra ela e sem dizer uma palavra, se trocar e descer pra seguir o samba. Sinto falta da gente de pijama o dia todo, deitadas no sofá, o Billy deitado na minha barriga com o fucinho encostado no meu rosto. Minha irmã implorando pra pedirmos pizza do Bráz.

Acho que estou precisando urgentemente de outra ida ao Brasil. Vai ser tudo tão diferente, minha irmã nem está mais morando em casa. Mas tenho certeza que mesmo sendo diferente, vai ser exatamente do mesmo jeito. Eu, mamãe, Ká e Billy. O que a gente chama de “Momento Família”.

 

Dona aranha

Nessa época do ano eu tenho que me acostumar na marra com as aranhas. As poucas sobreviventes entram dentro de casa porque tá infinitamente mais quentinho aqui dentro. Eu tenho pavor de aranha, mas se for pequenininha eu não ligo, desde que não entre nos meus limites.
E como nem eu, nem ele, matamos bicho nenhum, algumas viram inquilinas daqui de casa mesmo, contanto que não sejam nômades e vivam no mesmo lugar.
Hoje de manhã o David olhou para o lustre da sala, perto da janela.
– Aaaah, é aí que ela tá.
– Quem? A aranha?
– É.
– E você vai deixá-la aí, do lado do lustre?
– Ah, bem legal esse lugar que ela escolheu.
– Legal pra ela, não pra mim.
– E desde quando você chegar perto do lustre? Só se eu te comprar uma perna de pau.

Eu dou risada pra não bater, né. Próxima encarnação passarei na fila do rolo de esticar (pelo menos uma vez…).

Olhos d´água

Acabei de abrir meu blog e me deparar com o primeiro comentário da minha mãe aqui, no post “Destino”. Tô com os olhos correndo lágrimas. Te amo tanto mãe. E sinto tanta falta tua.
É por essas e outras que eu nunca me esqueço das palavras que tanta gente importante me disse no Brasil: “ainda estamos aqui, pra você, pro que der e vier”.


“Se perguntassem para mim se destino existe, eu diria que sim. Na minha vida foi mais do que provado. Às vezes acabamos dando uma desviada nele por querer sentir, vivenciar sonhos, ilusões e até mesmo um grande amor. Filha, nunca fique em dúvida quanto a sua escolha… infezmente, como diz sua tia Ve , temos o onus e o bonus em tudo que escolhemos e fazemos. Espero que na sua vida tenha sempre mais bonus. Cá entre nós ( e todos que acompanham seus textos), queria você mais perto fisicamente mas sinto voce dentro de mim, no meu coração e isto, nada e ninguém vai tirar. Te amo tanto que a palavra é  muito pouco para expressar meu sentimento.
Bjosssssss meu amor.”