Mistura

Quando Pollyanna interpreta versos de Clarice e Caio, num filme de Almodóvar.  Isso sou eu.

Sacode, Saturno

Eu não me ligo em Astrologia desde que era adolescente e minha bíblia se resumia à Capricho. Nunca mais li meu horóscopo, nunca mais joguei tarot e nem procurei mais cartomante. Isso ficou lá atrás com os meus quinze anos.
Mas de um tempo pra cá, principalmente nesses últimos dois anos, minha vida se transformou numa montanha russa. É um looping atrás do outro.
E, eu não acredito em acaso, conheci um amigo novo há não muito tempo que entende muito de astrologia. E ele me explicou que o que tá acontecendo comigo é o retorno de Saturno. Pra resumir, Saturno dá uma volta completa no Sol em 29 anos e a nossa vida é cheia de ciclos de 7 anos (isso eu já tinha percebido). O problema é que quando Saturno volta, e isso pode demorar uns três anos na nossa vida, ele chacoalha todas as estruturas, te questiona absolutamente tudo na tua vida. É um você em pé atrás de um vidro com insufilme, analisando você sentado dentro da sala sozinho (se quiser entender mais sobre Saturno leia aqui e aqui).
Enfim, eu comecei a pesquisar e entender que tudo está relacionado. Óbvio que depende da sua crença, mas eu acredito em energia. E o Universo é energia na forma mais pura. Se a Lua pode comandar as marés, porque os outros planetas não poderiam nos influenciar de alguma forma?

Então. Daí achei um mapa astral que tinha feito há dez anos, perdido no meu email. E fui lá reler o que os astros marcaram na minha vida. E, cara, meu mapa astral é quase tão eu quanto Clarice, Caio Fernando, Pollyanna e Almodóvar juntos.
Vou mostrar um pouco pra vocês, já que muitos de vocês me acompanham desde 2001 e me conhecem tão bem.

Sol em Touro – Seu signo solar
Confiável, tranquilo, possui habilidades de lidar com o lado prático da vida. Vive uma forte relação com a terra e a natureza, ou seja com tudo que cresce, frutifica e fertiliza, portanto se caracteriza como próspero e realizador. É afetivo e apegado a todos e a tudo que o cerca (apego é um dos meus fracos). É grande sua necessidade de segurança, tanto no plano material como no afetivo (muito!!!).

Sol na casa 9 – Seu “Eu”
Posição que enfatiza o desejo de planejar coisas novas, ampliando a compreensão do mundo através de viagens, do conhecimento filosófico, da cultura, e de tudo que alimenta a sensação de crescimento pessoal.

Ascendente em Leão
Extrovertido, quer aparecer e brilhar constantemente. Sua vontade é lei. Criativo, generoso, romântico é do tipo “com muito amor para dar”. No entanto, sempre esperam algo em troca, principalmente reconhecimento. (Sempre, sempre, sempre em busca de reconhecimento, seja lá qual for…)

Lua em Sagitário – Como você reage emocionalmente às pessoas e acontecimentos
Você tenta manter o ânimo leve quando está envolvido emocionalmente, buscando sempre de grandeza nas suas relações. A aventura e a liberdade dominam sua alma (muito!!!). Você se sente feliz quando vive estas duas coisas. Abrir novos horizontes, topar desafios e conquistar metas distantes exercem um efeito positivo (eu sou movida a isso).

Vênus em Gêmeos – Como você expressa suas emoções e valores em suas relações pessoais, especialmente no plano amoroso.
Os seus relacionamentos são recheados de uma grande mutabilidade e versatilidade. Tendência a namoros de curta duração e sem muita profundidade. Flertar é seu grande divertimento. Expressa fluentemente seu amor através das palavras.

Vênus na casa 11 – Áreas de sua vida que lhe dão prazer e estimulam sua capacidade de amar
Projetos de vida, sonhos e desejos têm boa chance de realizarem-se nesta posição de Vênus. Muitos amigos do sexo oposto. Os amigos com freqüência se tornam namorados e os namorados, amigos. Capacidade de agrupar e influenciar positivamente os grupos sociais, e vice-versa (nem falo nada desses dois últimos, hahaha).

Marte em Leão – Sua forma de agir de acordo com seus desejos e ambições.
Uma grande auto-estima o predispõe a ser criativo, possivelmente com habilidades artísticas e teatrais. Iniciativas positivas, liderança com traços de autoritarismo e teimosia. Indivíduos com esta colocação são excelentes amantes, porém ciumentos, egoístas e ambiciosos.

Marte na casa 1 – Áreas de sua vida que mais te motivam
O corpo físico é robusto, com uma energia vital invejável. Constantemente em ação, não tolera a atitude de passividade perante a vida. (Disse que eu sou hiperativa, né…) Impulsivo e agressivo. Para as mulheres esta é uma posição que exige o controle da sua agressividade e do papel de mandona senão…

Urano em Escorpião – Sua maneira de expressar sua necessidade de liberdade e individualidade.
Você é bastante intuitivo e cheio de força de vontade. Quando mudanças são necessárias, não tem medo de enfrentá-las e, sendo Urano o planeta da mudança, sua força é ainda maior em Escorpião, que é o signo da morte e ressurgimento. Nesse caso, as pessoas nascidas com Urano em Escorpião contribuem para a destruição de velhas formas, regras, e até civilizações, e contribuem para o surgimento de novas. Não toleram a preguiça e a falta de iniciativa, e tendem a possuir um temperamento explosivo (minha mãe sempre me disse isso hahaha).

Trígono de Vênus e Plutão
Adora as mais criativas experiências que o amor pode oferecer. Controla a sua natureza, até intuitivamente encontrar sinais de um parceiro adequado para expressar sua paixão.

Quadratura de Saturno e Netuno
Algumas vezes você tem um medo injustificado de sua competência profissional e de sua capacidade de ser financeiramente bem sucedido. Você fica muito ansioso quando não pode controlar as situações. E parece não fazer nada para aliviar a ansiedade, como se estivesse com um grande sentimento de culpa.

Daí, depois de tudo isso, descobri uma música do Detonautas (que eu nem gosto), chamada “O retorno de Saturno”. E por mais que fale de amor, dá pra ver o quanto tudo isso mexe com as nossas dúvidas, certezas, frustrações.

Se você tem entre 28 e 30 anos, pode ser que esteja passando por alguma coisa parecida. As minhas amigas da minha idade estão todas assim, terminando casamentos, se jogando em aventuras malucas. Todo mundo perdidinho.
Agora é torcer pra Saturno mostrar logo o que tem que mostrar e continuar a sua jornada. Ainda bem que falta pouquinho mais de 1 mês pros meus trinta!

E óbvio que isso não vai interessar nem metade de vocês, mas quem me conhece, talvez. Ou então fica de post-it pra mim mesma! 😉

O dia em que eu cheguei atrasada no trabalho

Primeiro dia de primavera, céu azul, solzinho e eu fui trabalhar de bicicleta. Logo que saí na rua comecei a ver placas de que a meia-maratona de Reading estava acontecendo. Aqui perto de casa não tem muita coisa acontecendo, mas ano passado, quando eu trabalhava no hotel, me lembro de como o evento era gigantesco já que o ponto de largada e chegada era no estádio, que faz parte do mesmo complexo.
Achei que não ia pegar nada e fui pedalando, feliz, contente, morna e cacheada em direção à loja.
Assim que cheguei na rua mais próxima do shopping, vi o povo correndo, o povo gritando, o povo tirando foto. Achei fofo, desci da bicicleta pra não atropelar os espectadores e continuei à pé. Até tirei foto e liguei pro David toda empolgada.
Empurrei a bike até a esquina e vi que a meia maratona corria pela rua lateral do shopping. Através do monte de perna eu via o rack de trancar a bike lá do outro lado da rua. E agora, José? Nenhum sinal digno de que fosse haver uma brecha entre aquele mar de gente pra eu atravessar a rua. Fui até uma esquina, nada. Fui até a outra, nada. Fiquei presa.
Lembrei de uma galeria que corta caminho por dentro e poderia sair do outro lado do shopping. Larguei a bike num poste e fui tentar a galeria. Cruzei e nada, a maratona também tava lá.
Procurei atalho, caminho alternativo, balão de hélio, nada. Não havia espaço suficiente entre os corredores pra eu simplesmente atravessar. E não havia atalho.
Minha alegria e espírito esportivo já estavam indo pras cucuias. O shopping a dois metros de mim e eu não conseguia chegar nele.
Achei um guardinha desses “guarda-esquina-em-dia-especial” e perguntei:
– Moço, eu tenho que trabalhar, meu. Como é que eu chego no shopping??
– Ah, moça, a meia maratona tá toda em volta do shopping. (Isso eu já tinha sacado…) Você tem duas opções. Ou caminha uns quarenta minutos lá pela Queens Road e entra pelo outro lado da Oxford Road, ou tá vendo aquela ilhazinha no meio da rua?
– Tô.
– Vai até lá e corre com eles na diagonal.
– Oi?????
– … (achei que ele tava me zoando, ou me conhecia e sabia que isso não ia dar certo, sei lá…)
Correr com eles, cara????
Visualiza a cena: eu de calça social, camisa, sapato de salto e bolsa. Liguei pro David pra contar que, finalmente, eu correria uma maratona e não deu tempo nem de pensar e surgiu uma brecha de um metro entre um corredor e outro. Me taquei no meio e corri, cara. Corri de roupa social, sapato e celular na mão, no meio de um monte de neguinho de bermuda, regata e número na frente. Gargalhando. O povo me apontava e ria, eu ria e falava no celular e corria. E quem disse que cruzar na diagonal é fácil? O guardinha, né, que devia estar segurando um saco de pipoca enquanto acompanhava a minha astúcia.
Problema é que como era eu, óbviamente eu perdi a noção da saída mais perto e não consegui cruzar na diagonal a tempo. Ou seja, perdi a oportunidade de cruzar a meia-maratona em cinco metros. A única saída depois dessa era depois de uns cem metros. E lá fui eu, linda, morna e cacheada, cem metros maratona acima só pra chegar na porcaria do outro lado da rua. Quando cheguei na outra calçada, gritei tanto que achei que tinha até ganhado medalha. O povo ria e batia palma pra mim. Cheguei na loja meia hora atrasada, descabelada, suada e com o pé doendo. Mas nunca tinha corrido e gargalhado ao mesmo tempo. Foi impagável. E claro, se tinha que existir uma pessoa no mundo que teria que correr no meio de uma maratona só pra chegar no trabalho, quem seria, né??

Coração pequenininho

Pois é. Eu fui tentar consertar uma das cagadas e acabei com o coração partido.
Fui sincera, sabe, contei que havia inventado uma estória apenas por medo da pessoa ficar com raiva de mim, mas eu não sei mentir, gente. Nunca soube. E me corrói por dentro mentir pra alguém que eu gosto. Foi pura defesa, medo de perder a amizade, tentar enfeitar com estrelinha pra ver se melhorava. Não deu.
Expliquei, abri meu coração, assumi meu erro e pedi desculpas. Fiz tudo o que estava ao meu alcance. E não adiantou, pelo menos por enquanto.
Eu sei que eu não deveria deixar a angústia tomar conta de mim, mas tô mal, sabe. Não tive a menor intenção de machucar ou magoar ninguém, foi pura infantilidade minha. E eu tenho muito carinho por essa amizade que é tão especial pra mim.
Eu não tenho inimigos, nunca na minha vida perdi uma amizade. E dava tudo pra que essa não fosse a primeira.
Só posso dar tempo ao tempo agora e esperar que a raiva passe e que a amizade prevaleça. Eu já me arrependi, já prometi não fazer de novo, agora me perdoa, vai?

Hoje eu só quero que o dia termine bem…

Eu não sei o que tem acontecido comigo ultimamente, se é stress, ansiedade, sei que tenho dado umas patadas em gente que não merece e tenho feito algumas cagadas.
Juro que não sei porque. Odeio magoar quem quer que seja, quem dirá as pessoas que eu amo.
Mas a única coisa que eu posso fazer é pedir desculpas e esperar que me perdoem, e se não perdoarem, é porque talvez a amizade não tenha sido tão grande assim mesmo.
Prefiro ficar com a consciência limpa e saber que fiz a minha parte. E que nunca tive a intenção. E isso vale pra muita gente em volta de mim, sim, a lista é até grandinha…
Acho que meu inferno astral tá antecipado. Mas eu acordei, é um novo dia, e eu vou lá consertar as merdas que eu fiz. E esperar apenas o melhor.
Hoje eu só quero que o dia termine bem.

Conversa das seis da tarde

– Eu comprei uma coisa pra você. – Diz ele, me entregando um Kit Kat.
– Você é uma pessoa muito má.
– Mas só tem 138 calorias, eu olhei!
– Muito, muito má.
– E é em formato de coelhinho da Páscoa!

Eu abri e mordi.

– Você nem olhou direito, já deve ter mordido a cabeça do coelho.
– Você conhece a minha relação com chocolate.
– Não só com chocolate…

Daí ele saiu meio rindo e eu fiquei a ver navios. Ou coelhos.

She´s just waiting for the summertime, when the weather is fine…

A vida deste lado da bolinha está com outra cara. Um emoticon felizinho. Sim, porque em pouco mais de dez dias ela chega, a majestosa, poderosa, aclamada – a abre-alas – a primavera! E depois do inverno mais longo, mais frio e mais escuro dos últimos tempos, até que tá me dando uma saudadinha das Bumbles Bees, das aranhas fazendo teia na minha janela, do sol a pino e luminoso. Pra quem não sabe, no inverno o sol só fica na linha do horizonte. É como uma eterna 5:30 da tarde no Brasil.

E este país ganha uma vida na primavera e no verão que só vendo. Só aí dá pra entender o porque do Brasil ser um país muito melhor, em termos de qualidade de saúde.
Eu já tive enough desse inverno, da nevasca mais louca de todos os tempos, das temperaturas árticas, do vento do Norte. Não vejo a hora de trocar minha pele que nem uma lagarta, tirar esse papel de seda branco que me envolve (não que o sol daqui me bronzeie, mas dá um arzinho a mais de saúde).

Essa semana foi uma semaninha agitada. Descobri que tentaram entregar o passaporte no lugar errado e a porcaria do correio da rainha nem pra tentar uma segunda vez (como qualquer UPS, Fedex da vida). Não. Descobri isso depois de 3 semanas e 1 dia – acreditem, e depois de 3 semanas eles mandam de volta pro remetente. Ou seja, de volta pro Home Office. Depois que passou minha agonia, falamos com o Home Office e deve ser mandado de volta essa semana.

Com o passaporte na mão, fica facinho o próximo passo: marcar minha ida ao Brasil. E eu não vejo a hora de descer em terras de Cabral, abraçar minha mãe, amassar meu cachorro, sair com todos os meus amigos, fazer as unhas, o pé, massagem, andar de havaianas na vila, caminhar no Ibirapuera, respirar o ar regular de São Paulo. Juro, amo tanto isso que fico aqui roendo as unhas de tanta ansiedade.
Mesmo porque esta foi a vez mais longa que fiquei sem ir ao Brasil, sem ver ninguém. Vai dar 1 ano em Maio. E estou pra lá do meu limite. 1 ano sem ver a sua mãe é demais. Eu não aguento. Não tenho a menor estrutura psicológica pra isso, sou taurina, apegada, família. Não consigo.

Fora isso, tenho trabalhado demais e essa semana vou doar sangue de novo. Sim, já passaram três meses, acreditem. Só espero não ficar fraca do jeito que fiquei da última vez, mas daquela vez eu fui meio capivara. Doei depois de um dia de trabalho e trabalhei 12 horas no dia seguinte. Dessa vez pedi folga, assim me recupero direitinho… Não que isso seja um efeito colateral, não é. Das outras vezes que doei nunca passei por nada. É que fiquei 12 horas trabalhando em pé, com menos meio litro de sangue na veia.
Por que você não vai lá dar uma pesquisada onde você mora? É tão rápido quanto tirar sangue pra exame, cinco minutos e você salva algumas vidas. 😉

E que venha a primavera!

Hipocrisia, eu quero uma pra viver

Tem uma coisa que tem me irritado muito ultimamente. Gente metendo o bedelho, dando opinião onde não é chamado.
Eu aprendi desde criança que aquele velho ditado “em briga de marido e mulher não se mete a colher” vale pra qualquer situação. Não só entre marido e mulher. Acho muito feio gente dando opinião na sua vida sem ser solicitado. Acho uma extrema falta de educação.
Eu não saio por aí dizendo o que acho que tem de errado na sua vida, na vida de fulano – por mais que ache trocentas coisas pra falar a respeito. Não faço isso porque fui ensinada a ser assim. E por mais cheia de opinião e geniosa que eu seja, eu sei muito bem o limite onde os meus problemas terminam e os seus começam.
Como diz uma amiga minha, problema nos olhos dos outros não arde. O que é problema pra um não é necessariamente um problema pra outro, mas não deixa de ser pra quem está vivendo.
Ultimamente me falaram que eu falo muito de sexo pra uma “mulher casada”. Um, que meu estado civil não muda a minha personalidade. Não sou evangélica, crente, falo do que quiser e meu marido sabe muito bem com quem casou. E o fato de eu ser aberta é uma das coisas que ele mais ama em mim. Porque aqui em casa, honey, acredite, nunca rolou uma briga de verdade porque eu falo tudo.
Acho muito natural falar de sexo – aliás, tão natural quanto vida e morte. O tempo em que isso era tabu já virou folha amarela. Eu sou uma pessoa bem resolvida e, acima de tudo, não sou hipócrita. Bela hipocrisia quem me fala isso e dorme cada fim de semana com um cara diferente.
Acho engraçado – e triste – como as pessoas acham que você deve se comportar depois que se casa. E, principalmente, o quanto metem o bedelho. O quanto dão opinião onde não são solicitados. Mal aceito esse tipo de coisa dos meus melhores amigos, quem dirá de quem mal me conhece.
Então #ficadica: antes de querer dar opinião no que uns e outros fazem, dê uma meia-volta e se olhe no espelho. Tente consertar a sua vida antes de se achar bom o suficiente pra dar palpite na dos outros. Ah, e claro, educação se aprende, nunca é tarde.