O dia chora

O dia chora. É uma chuva tão fina que você só percebe a tristeza do dia se olhar para a escuridão. Gotas minúsculas de lágrimas que o sol não consegue esconder. Não molha o chão, a chuva é mansa e doída. E é gelada somente em que for capaz de percebê-la.
O dia chora os amores perdidos, os amigos esquecidos. O dia chora a falta do abraço e o último beijo. A chuva chora o frio do peito, um vazio oco, Eco. As risadas varridas, os sorrisos trocados, os olhos que brilham. A chuva chora a moça que virou a esquina porque não podia amar. O dia chora o velhinho sentado na praça e seu chapéu de perdas. O dia chora o medo que o menino tem do escuro por dentro. A chuva chora os que lembram, os que não esqueceram, os que ainda esperam.
O dia chora uma chuva tão fina e triste, que não se sente, que mal se vê. É a tristeza silenciada, o nó na garganta, é o sorriso falso do dia no sol. E eu não sei bem ao certo se o dia está triste ou se o dia é apenas poesia.

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