Às vezes queria apenas não amar. Ser incapaz de me apaixonar romanticamente por qualquer pessoa que fosse. Ou então ser desprovida dessa válvula propulsora que me faz saltar de penhascos, linda e sorridente, sem antes ver o que tem embaixo.
Queria descobrir onde é que vendem essa tal de astúcia que as pessoas desenvolvem depois que o coração machuca. Onde vende essa armadura que ensina a se proteger das feridas?
Queria comprar amores correspondidos em banca de jornal, preço de figurinha, em pacotes com três.
Queria arrancar o coração do peito e deixar apenas o cérebro tomar as decisões. Preservaria o coração em vinagre, feito picles. Intacto, inacessível, indolor.
Preciso arrumar um pote de vidro.E mal sabe ela, boba que é, que o culpado de tudo é somente o cérebro, essa cabeça louca que ela tem. O cérebro é quem dita, o coração só diz amém.