Parado no meio da rua, ele segurou suas duas mãos com todo o cuidado do mundo e sussurrou baixinho, não quero que você vá. Mas lá dentro dele, seu coração queria gritar tudo isso e fazer com que as pessoas que caminhavam por lá parassem, olhassem e entendessem, como um pedido de socorro, como se alguém no meio da multidão pudesse tirá-lo dessa angústia, chamem a ambulância, os bombeiros, socorro, socorro, socorro, camisa de força, amarrem-na, pelo amor de deus, amarrem-na, façam com que ela nunca mais vá embora!
Ela então beijou-lhe o rosto e disse que se apenas ele fosse menos frio, se soubesse dizer mais o que se passava por dentro, talvez ela não precisasse ir embora. E mais uma vez ele calou-se, com as unhas rasgando o avesso do coração, com a voz abafada de dentro gritando, implorando, pedindo. Ele simplesmente não sabia. E ela se foi, mais uma vez. Talvez para sempre.

Suas palavras melhoram com o tempo, acho.
Faz pensar em como as coisas devem ser mais essência e menos palavras, mais vividas e menos rotuladas, mais práticas e menos teóricas…
Belo texto, Mi!
Beijo e boa semana.
Mais uma vez, tu acerta a hora de colocar cada pequena palavra e atinge a gente bem em cheio!
Parabéns!
;*
Nossa, como essa dor é a minha dor. Quantas vezes eu fui embora duvidando de um amor que eu, em certas épocas, tinha certeza que existia, e em outras, as épocas agudas de angústias pipocando o coração, eu duvidava, por causa do silêncio, do amor calado e abafado dentro daquele coração que eu me esforçava por entender, mas sempre acabava perplexa e indo embora. Mas sempre olhando pra trás, nunca consegui não olhar pra trás. Eu mudei, mas o coração permaneceu no mesmo lugar. Aquele troço de relações cármicas e viciadas, com pessoas que não são pra gente ficar nem longe, nem separado. Eu me vi aí, Mi. Me vi muito… Beijo.