To Do list

Folga.
To do:

1. Fazer coisas de mulherzinha, unhas, sobrancelha, depilação, banho de creme e afins.
2. Visitar os blogs de todo mundo (sorry about that, guys).
3. Ler pelo menos um bom pedaço de algum dos meus livros novos – a briga entre Caio e Gabriel Garcia ainda tá rolando. Acho que Caio vai vencer por ter o livro menorzinho.
4. Arrumar a casa, passar minhas camisas (grrrrr!)
5. Fazer uma comidinha gostosa, pensei numa sopa de legumes pra esse friozinho e esse semi-resfriado que resolveu se instalar.
6. Faz quase 1 mês que não vou na academia, mas não vai ser hoje. Juro. Amanhã…
7. Deitar no sofá e assistir um filminho do tipo “Diários de motocicleta”, pra eu me apaixonar ainda mais pelo Che e pelo Gael.
8. Fazer um acordo com o Dono do Tempo pro dia passar bem devagar….

Quanto custa?

Trabalhar num “stall” no meio do shopping center tem um efeito esquisito e muito bom para o ego. Não sei se é o fato de estarmos exatamente no meio de uma pseud0-nave-espacial, bem no meio do corredor, ou o fato de eu ser uma pessoa extremamente sorridente, mas é impressionante como cai balão.
A quantidade de homens que passa com sorrisinhos duvidosos é coisa de outro mundo. E – eu não sabia – mas, Jesus, como tem homem gato nessa cidade! Principalmente na hora do almoço, executivos…
Tá, eu me sinto exposta de vez em quando, mas nem ligo. Se fosse o peãozinho do facebook, fair enough, mas um gato aqui, outro ali sorrindo pra mim não faz mal NE-NHUM.
Esses dias têm sido uma loucura, dois meses antes do Natal. Quase não encontrei mais o Pittinho, ele passou ontem dando um tchauzinho, mas melhor que fique assim mesmo.
Às vezes tenho que me lembrar de que nós não estamos à venda, mas tudo isso tem feito tããããão bem pro meu ego…. quase como um Gueri-Gueri faria no passado!

Esta Magnolia é na Austrália, mas todas seguem o mesmo padrão. A minha é igualzinha. Qualquer dia tiro uma foto dela de verdade!

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Poema caliente

O momento em que estamos juntos é interminável
Nossos corpos estão tão unidos que posso sentir as batidas do seu coração.
Nossa respiração confunde-se com a do outro
Nossos movimentos são sincronizados…
Indo e voltando… para frente e para trás …
Às vezes pára, e então, quando nos cansamos da mesma posição, nos esforçamos para mudar, mesmo que seja só por pouco tempo.
O suor de nossos corpos começa a fluir sem nada que possamos fazer. Um calor enorme parece que nos fará desmaiar…
Uma força ainda maior nos faz ficar ainda mais colados um ao outro e, quando não agüentamos mais segurar…
Uma voz ecoa em nossos ouvidos:

“ESTAÇÃO SÉ,
desembarque pelo lado esquerdo do trem”

(Autor desconhecido)

Um pouco de Caio…

… para o fim de semana!
Delícia!

Carta Anônima – Caio Fernando Abreu

“Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você – seria, seriam? Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.
Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.”

Momento “Love songs are back again”

Olha pra mim
Não diga nada
Dos seus olhos vai nascer
A madrugada…

Sonha pra mim
Um sonho lindo
Nos seu olhos
Vejo um filme
Colorido…

O momento de esquecer
Esse mundo absurdo
Mas não pense
Que eu fico mudo
Por não ter razão…

Não diga nada!
Talvez eu encontre
O caminho
Não diga nada!
Entre nós
Não existe segredo
Não diga nada!
Deixa o vento varrer
As palavras
Olha pra mim…

Falta…

Ultimamente eu não tenho tido a menor vontade de cozinhar… nem quando sobra um tempinho.

Sem medo

Ah, se as pessoas fossem menos complicadas… Se arrancássemos as dores do peito, as longas noites de choro, se pudéssemos lamber as feridas do passado a ponto de estancá-las eternamente. Não, babe, nem todo mundo é igual. Nem todo mundo é ardido, sórdido, nem todo mundo machuca e é pesado. Ainda existem pessoas leves, ainda existem hippies e amor fácil. Ah, se as pessoas viessem sem medo de Déjà vu…

A menina ruiva

Eu tenho cruzado com as mesmas pessoas quando estou a caminho do trabalho, de manhã. Uma delas é a menina ruiva.
No primeiro dia que a vi o mundo quase sumiu. Ela é a menina mais linda que já vi caminhar. Alta, magra, cabelos claros e vermelhos, sardas em uma pele imaculadamente branca. Olhos enormes, verdes, com cílios que podiam ser vistos de longe. Nariz pequeno, boca perfeita. Ela é toda perfeita, a menina ruiva. E no primeiro dia que a vi ela roubou o sol.
O céu estava cinza, com nuvens carregadas. A temperatura já estava baixa e todo mundo caminhava em seus mundos solitários, envoltos em casacos e cachecóis, ouvindo alguma trilha sonora particular em seus Ipods. A minha era “Million Faces” do Paolo Nutini, e serviu muito bem à ocasião.
Eu caminhava ao lado do rio Tâmisa, observando suas águas que às vezes não se movem, seus patos e cisnes esperando ansiosamente por algum pedaço de pão de fôrma. A million faces pass my way, they are all the same, nothing seems to change anytime I look around. Mentira, naquele dia tudo mudou e os rostos nunca mais seriam os mesmos.
Eu cruzei com a menina ruiva em cima da ponte. Eu indo, ela vindo. Bem em cima do Tâmisa. Quando ela apareceu, seus cabelos lisos e compridos se incorporaram às folhas de outono, vermelhas, quentes, espalhadas pelo chão como um manto e ainda resistentes nas árvores do fundo. Ela vestia apenas um sobretudo roxo e sapatilhas verdes, como uma modelo de passarela. E caminhava sorrindo, como se fizesse parte de uma propaganda de absorventes.
Ela sabia que o mundo parava ao seu redor, ela sentia os olhares. Ela era o sol naquela manhã fria e escura. Ela era as cores.
E eu me senti o pleno inverno, em toda a imensidão preta do meu sobretudo e na quadradice dos meus óculos. Ela me fez sentir o frio, mas só quando foi embora. Porque pelos poucos segundos em que caminhou sobre a ponte, em passos largos e rápidos de pernas compridas, ela aqueceu toda a beira do rio.
Ainda a encontro nas manhãs frias de Outono. E ela sempre traz o sol consigo.