A primeira aula geralmente é assim, você chega sozinho, acuado e se pergunta mil vezes que diabos está fazendo naquele lugar, naquela hora. Eu digo “geralmente” porque vira e mexe aparece um desses que nasceram pra ser bispo de igreja ou comentarista de futebol: falam pelos cotovelos e não dão a mínima pro ditado “a primeira impressão é a que fica”. E toda primeira aula tem um desses.
Há quem sempre ache a primeira aula estranha, como eu. Sempre desconfortável, mas com um gostinho de quero mais. Afinal, ninguém aqui é mais criança pra ir à aula que não goste. E o melhor (ou pior) de tudo: você sempre volta pra casa com algum resquício.
Na faculdade já te tacam um trote e você volta com menos cabelo. Na aula de inglês, um livro pra ler logo de cara. Aula de piano e todas aquelas notas que você nunca viu na vida.
Minhas primeiras aulas sempre foram assim. Na minha primeira aula de armênio colocaram um livro na minha frente com uns desenhinhos que juraram ser o alfabeto. No vôlei me fizeram correr vinte minutos sem parar e nem era hora do recreio. A aula de capoeira me deu ânsia de vômito e me fez andar que nem pato por quatro dias.
Hoje foi mais uma delas. Aula de pole dance. Tipo Alzira, manja? Imagina eu e todos os meus quilinhos rodando no pole. Eu disse pro marido que ia aprender pole dancing e mais uns extras, vocês precisavam ver a cara dele de choque.
A professora era uma mulher-macho de moicano, micro shorts, pernas roxas e a virilha peluda. Eu entrei na sala e tinham quatro poles. Foram entrando umas menininhas-celebridades, cada uma mais magra-alta-loira que a outra. E eu lá, me perguntando onde amarrei meu burro.
Disse pra professora que nunca tinha feito isso na vida, que era menina de família e tal. Ela disse pra eu não me preocupar e perguntou se eu ficava roxa fácil. Por um segundo achei que tinha errado de aula e tinha entrado na de boxe… ficar roxa, minha filha? Não fico assim tão fácil, não, mas por que a pergunta?
Alonga daqui, alonga de lá, vira ombrinho pra um lado, pro outro e junte a aluna nova à professora de shortinho. Ok, primeiro passo: pare do lado do pole e solte seu peso pra um lado. Ok, feito. Agora anda daqui, anda de lá, levanta o pézinho esquerdo, joga a perna direita, senta no ar, vira, põe a mão esquerda embaixo da direita e mantém a postura. Ok, feito. Agora faz tudo isso e joga um joelho no pole, o outro, cruza e pula. Como é que é? Ela fazia as coisas e meu cérebro não absorvia, era muita informação.
Depois de alguns minutos treinando, e eu já mais tonta que barata com Detefon, consegui pegar o esquema. Brilliant, disse ela. Foi uma longa hora assim. Enquanto as menininhas já se penduravam de cabeça pra baixo eu mal conseguia levantar meu joelho e sustentar meu peso com as duas mãos na vertical, quem dirá ainda dar uma de “sexy”. Fazer carão com a mão ardendo não dava. Quem disse que a mão roda? Roda nada. Ela fica lá lutando contra a fricção e torcendo pra você ser a mulher-borracha. Dói que só. Fora que você segura o pole com a mão direita, por exemplo, na hora de pular tem que por a esquerda embaixo… e minhas unhas esquerdas picotavam meu braço direito. Tô toda arranhada.
Depois de cinco minutos de aula entendi o por quê dos roxos. Minhas mãos ardiam, meus braços e ombros queimavam e a gente dá joelhada no mastro. As menininhas são todas roxas, todo mundo vermelho na perna e no braço por causa do atrito.
Enfim, a tortura durou 1 hora. Foi divertido, mas nem tanto. Quem pensa que Alzira era leve como pluma está muito enganado. Deve ter sofrido pra aprender isso, é muito puxado.
Agora pense, eu cheguei em casa toda-gata: arranhada, com a perna roxa, os braços e mãos ardendo (querendo fazer calo) e os músculos tão doloridos que mal consigo levantar um copo. Qual a graça de se enfiar numa aula teoricamente sexy (mas que ninguém vê), e depois sair na rua e mostrar apenas os hematomas e calos pra galera? Vá pelo menos ganhar dinheiro com isso, amiga, porque dói pra cacete.
Se eu tivesse uns 10 quilos a menos, talvez fosse mais fácil. É bacana, mas acho que essa vai ser uma das que não passam da primeira aula. Já disse pro marido, esquece o pole dancing e a gente fica só com os extras. Hahaha.








2 – Um sapato “statement” e confortável!
3 – Maquiagem perfeita e invisível.













