No dia da balada, quinta passada, eu e minha irmã pegamos um táxi pra voltar pra casa. A balada é do lado de casa, fica a duas ruas pra trás e umas cinco ou seis quadras pra baixo. Mas quem conhece a Vila Madalena sabe que eu moro praticamente no morro. Não, darling, não rola ir a pé!
Enfim, saímos da balada e avistamos um golzinho velho com insufilme afro-descendente estacionado do outro lado da rua. Plaquinha de táxi em cima, quase que falhando a luz. Fomos até ele e demos uma espiadinha básica pela negritude junior do vidro. Nada de ver o taxista. O “porteiro da balada” gritou pra gente bater no vidro porque o cara deveria estar dormindo.
Batemos no vidro gritando um “mooooooço, ô moooooço” e nada. Até que o porteiro avista o cidadão lá no fim da rua. O cara vem meio capenga, mas até aí, melhor achar que ele é manco. Chega o fulano, no maior estilo mexicano-cruzador-de-fronteira, com um óculos de sol amarelo na testa (às 4 da manhã…) e entra no golzinho fuleiro. Pergunta aonde vamos. Cara, quando eu respondi o cara desembestou a falar e reclamar da gente: “ah, minha filha, tenha a santa paciência! não acredito que tô pegando uma corrida até ali só!!! sabe quanto eu perco dirigindo até a sua casa???? não paga nem a bandeirada!!!!! depois eu volto aqui, neguinho pega passageiro pro Rio de Janeiro (claaaaro…), ganha os tufos, enquanto eu faço viagenzinha de cinco reais!!!! não dá, menina, não dá…. se eu viver de corrida assim eu morro de fome. já pensou quanta corrida assim eu tenho que fazer pra ganhar dinheiro?”
O cara não parou de falar. Eu fiquei com vontade de soltar um “e o kiko???”, mas o cheiro da manguaça me deu medo… vai que o cara tira uma peixeira do bolso??? Ele não parou de reclamar um segundo. Eu disse que não dava pra ir a pé, era a maior ladeira que eu conheci na vida, eu estava de salto e eram 4 da manhã. E além disso, eu estava pagando. Não adiantou. Ele parou o carro na frente de casa, reclamou, reclamou, reclamou e não saía da frente do taxímetro. Eu me senti tomando um sermão de diretora na quinta-série do primário. A hora que deu pra ver o taxímetro, marcava cinco e poucos reais, resolvi dar sete. O cara então disse “aí, tá vendo! mais dô-reauzinho já ajuda!! desculpa aí madame, mas sabe como é, não paga nem a bandeirada!”
Ah, meu filho!!!!! Vai comer cocôôôôôôôô!!!! Que ódio! Ok que não compensa pro cara, mas desce do carro e avisa, não fica buzinando na minha orelha! E honey, continuo pagando!!! Ô povo mais barraqueiro.
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