A verdade, no entanto, é que eu gosto muito de você. Mais do que deveria, mais do que poderia. Eu fantasio um pouco com a nossa história e é difícil. Difícil porque o nosso relacionamento existe num limbo entre os nossos paralelos e eu acabo me envolvendo e me perguntando até que ponto vale a pena ter você em mim por todos os minutos do dia, sem te ter de fato – e eu sei que valeria se toda essa importância fosse exatamente recíproca.
Amar no limbo é difícil. Porque não há o toque no rosto pra acalmar qualquer dúvida, não tem o abraço apertado pra sossegar o fim do dia, não traz o olhar que promete que a sua pele tem o gosto de mais ninguém. Amar no limbo não tem a fala leve na ponta do ombro depois do orgasmo, a risada boba que apaixona instantaneamente, não tem o prato preferido feito num domingo à tarde e nem o braço entrelaçado no sofá. Amar no limbo é triste porque você está sempre dividindo, se dividindo, tentando entender exatamente que lugar da prateleira teu amor ocupa. E se culpa.
E a única certeza que tenho é que não há como assegurar o amor fora do limbo, mas pode-se contemplá-lo. Dá pra interpretá-lo no cheiro, no olhar, no som do riso. Fora do limbo, te prometo, é tudo diferente.
Por enquanto, aqui dentro, a única coisa que tenho é o meu sentir. E te sinto por inteiro.
Depois disso, apenas uma reflexão: Pare com os hiatos.
Ao final deles, o limbo também terminará como um final feliz, ou melhor, um começo promissor!
Beijão, Lena.
Lindo!