Mais um

Depois de viciar em Paolo Nuttini e Teatro Mágico, viciei em “The Noisettes”. Não conhece? Aperta o play!

Hey beautiful day!

Quem me conhece sabe que sou rata de academia e não sou de reclamar se tiver que ir duas vezes por dia. Pois não é que uma amiga minha polonesa, a Agi, se matriculou e deu piti de efedrina? Ela não quer mais sair! Me liga perguntando “que que a gente vai fazer hoje? Eu acho ótimo, já fizemos salsa e tal, mas pegue hoje como exemplo. Aula de “legs butts and tums”. Eu nunca fui fã, não curto nada que pareça circuito (trauma de aula de educação física), mas a Agi quis testar… Acordei às oito e meia da manhã – VEJA BEM: OITO E MEIA DA MANHÃ DE DOMINGO – e fui pra academia, que é na Universidade.
O dia tava maravilhoso, um céu azul, sol, calor, ninguém na rua porque ninguém é retardado como eu. Considere o tempo que ando até lá, quase vinte minutos. Quem dá essa aula é a Lu que acordou pilhada hoje porque tava sol. Quis dar aula no gramado da Universidade. Show. Corrida intercalada com exercícios de agachamento. Lembram da minha experiência com capoeira? Agacha não, amor, última vez até vomitei.
Enfim, às 11 da manhã eu já não sentia mais minhas coxas. Ou sentia até demais. Pense que voltei andando de novo porque não inventaram ainda máquina de teletransporte. Dia lindo, lembra! Fiz almoço, batatas assadas do Jamie Oliver de novo (ai, muito bom!), filé de peru ao molho de laranja, cenouras caramelizadas, ervilhas… uma adaptação de um “Sunday dinner”. E tudo from scratch, descasquei batata, cenoura, enfim. Lavei a louça. Olhei pro céu azul tão lindo e disse pro marido, vamos até o rio? Quanto tempo tem que caminhar? Quarenta minutos pra ir outros quarenta pra voltar? Poutz. Ok. Vamos, tá sol.
Parte de cima do biquini, canga, água, ipod, havaianas e dorflex. Fomos. Meu, que dia incrível. Sentamos no parque, na beira do rio Tâmisa (que vem pra esses lados também), com os gansos e cisnes reais de vizinhos, tomamos sol, ouvimos Jack Johnson e Bob Marley. Voltamos por um caminho lindo que nunca tinha ido, no meio de uma mini-floresta, até me lembrou o Brasil! Encontrei a Lu no meio do caminho, como se Reading fosse o ovo. Crianças pulando no rio, gente tomando sorvete e sol… delícia!
Ainda na volta paramos na macieira que tem na porta de casa e colhemos umas maçãs fresquinhas e amoras. Foi tão perfeito! E descobri que quero morar em Caversham, na beira do rio, com o jardim pro parque. Ai, quero. Obrigada.
Amanhã os planos são ainda mais ambiciosos. Eu quero fazer pilates às 13h. A Lu quer tomar sol depois das 15h no gramado da Universidade. A Agi quer que eu vá com ela na aula de step às 18h. Tô pensando em fazer marmita e me mudar pra academia… Eu, a parte de cima do biquini, a canga, a água, a ipod e os dorflex…

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Os barquinhos no rio Tâmisa

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Feliz!!!

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Caversham

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Ó o vidão do tio…

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Meu, olha essas casinhas!!

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Amooooooor!

Sol e chuva, casamento de viúva

E depois de tanta, tanta chuva, todo santo dia… depois daquela chuvinha fina que dura o dia inteiro, ou daquelas pancadas de cinco em cinco minutos… eis que ele volta!! Sim!! Achei que não voltaria mais até o próximo verão!!! Mas não, há dois dias está onipresente num céu azul de brigadeiro! Amo! Amo! Amo!!!

A previsão é de sol para os próximos dez dias… a temperatura não vai passar de 23 graus, mas o sol é o que mais importa! Tudo fica mais fácil, tudo fica mais lindo e promissor quando ele reina majestoso no teto do mundo!!

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50 %

E o dia chuchu de ontem rendeu uma hora de caminhada no parque com amiga 1 e duas horas de aula de salsa com amiga 2. Deus se decidiu. E eu também.

Little treat

Sonha com aquela tua paixonite antiga que nunca teve e nunca terá. Sabe como é?  Nada de erótico, romântico, traição, nada. Apenas a onipresença em todos os cantos da noite.
Vai entender os truques da mente ou sabe-se lá de quem. Meu relacionamento é perfeito. Por que cargas d´água aparece um assim do nada, depois de tanto tempo? Faz anos e anos que não vejo, como que a mente pode abrir uma gaveta tão empoeirada? Tipo um chocolate de Deus. “Little treat”.

“Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro” (O Teatro Mágico)

Passou

E um pouco de samba rock em altos decibéis e passou como um assopro de machucado. Tô pronta pra ir pro parque. Aí sabe o que aconteceu? Choveu. Chove.
Não sei quem anda mais indeciso, se sou eu ou Deus.

La Solitudine

Abri os olhos às cinco e meia da manhã, acordada por um trovão que entrou pela janela. Voltei a dormir até o despertador do marido tocar, quinze minutos depois. Ele se foi e eu fiquei, estirada na cama como carne de sol. Fiquei e fiquei e fiquei. Imaginando que a chuva lá fora cairia por mais um dia inteiro e o meu pequeno apartamento seria minha caverna de novo. Mais um dia.
Abri os olhos às dez e meia da manhã com o barulho da minha amiga, vizinha de cima. Mandou um sms, disse que tá trocando de sofá. Pensei, será que chove ainda? Um pedaço de mim queria que chovesse, outro queria que fizesse sol. Outro não tava nem aí. Fazia sol.
Já é meio dia e eu ainda não fiz nada a não ser um suco de couve com laranja. Mas não lavei a louça, ainda nem arrumei a cama. Ontem, nesse horário, eu ouvia Madonna em alto e bom som enquanto cantarolava Holiday e arrumava a casa. Ontem, nesse horário eu estava a caminho da academia, feliz por nada. Sorri pra passarinho e flor e dei oi pro gato de pata branca.
Ontem eu fiz cheesecake de framboesas frescas, salmão grelhado com gengibre e chilli, batatas assadas com alecrim do Jamie Oliver e mais suco de couve.
Meus planos hoje eram andar no parque que descobri aqui perto de casa. Ir na academia com uma amiga à noite, mas ainda espero a resposta da amiga. Acho que vou lutar contra um eu interior e ir pro parque. Vou arrumar a cama e lavar a louça.
Um outro eu interior grita. Diz “que saco, sozinha de novo!”. “Que saco, meio dia e você ainda não abriu a boca pra falar um A pra ninguém”. Muda por conta própria. Tagarela emudecida.
Tô cansada de fazer coisas sozinhas. Tô cansada de passar o dia todo sem falar com ninguém. Quero trabalho, ninguém me dá. Quero dinheiro, ninguém me dá. Quero amigos, ninguém me dá.
Passo o dia fazendo coisas sozinha, tentando ser social na academia, no supermercado. Mal respondem meus ois, será que sou quase invisível?
Espero o dia todo o marido chegar. Quando ele chega, a gente nem se dá conta, quando vê já é hora de começar a se arrumar pra dormir. As sete horas que ele passa em casa voam em proporção geométrica. As outras sete, oito, sabe-se lá quantas que eu passo sozinha, penam pra passar.
Às vezes é bom ficar sozinha. Mas é que hoje me enchi por completo de mim mesma. Amanhã passa.

La solitudine fra noi,
Questo silenzio dentro me
E l’inquietudine di vivere

Papo das dez da noite

Há alguns minutos, na cozinha, eu digo pro marido:

– Babe, tem um inseto verde na parede.
(Babe dá um peteleco e deixa o bicho no mesmo recinto, em outro lugar).
– Você matou?
– Não.
– Então tira…
– Por que você não pega? É só um bichinho verde…
– Porque da última vez que eu peguei um bicho verde ele voou pro meu cabelo e soltou um cheiro de repolho que nunca mais esqueci.
– Hahahahaha.
– A gente chama de “Stinky Mary”.
– Só você pra ter um bicho no cabelo chamado Stinky Mary…
– Não ri, não… o cheiro não saiu nem depois do banho!
– Hahahaha…
– E já tive morcego e macaco no cabelo também….
– What???

A conversa rendeu.