A dança das nuvens

Parece-me que o baile já vai começar. As nuvens dançam pelo céu, adentrando o salão. Vestem seus pretinhos básicos e corpulentos, negros e elegantes. Se cumprimentam, uma a uma, com elétricos beijos nos rostos. Algumas riem alto e estridente num som quase assustador. Outras levam leques ou mexem as saias de modo a abanar todas as nações. Elas se unem de maneira que nem dá mais para distinguir suas próprias individualidades. Só se vê o fim de outra e o começo de uma entre o beijo elétrico.
Por enquanto não chegaram todas as convidadas, mas as luzes já estão diminuindo no salão. E quando todas se cumprimentarem e dançarem bastante, suarão suor de nuvem, com confetes e serpentinas. Embora muitas vezes elas se reúnam só por se reunir. Não se esbaldam de dançar no salão e acabam por nem suar… Mas esta dança de hoje promete ser um grande baile.
E a única coisa que sei, visto que não sou nuvem e nunca fui convidada para o baile, é que quando elas se esbaldam e suam, qualquer espera fica ainda mais angustiante e molhada.

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