Essa foi postada em 2002, no extinto Saco de Pipoca. Mas como os pedidos pelas “escolhida a dedo” estão chovendo, vou postando aos poucos de novo. Assim elas ficam aqui, arquivadinhas.
O roubo do bebê
Certa vez, quando eu tinha os meus seis anos de idade minha mãe me deu uma boneca, a antiga Bebezinho, que todas as meninas devem se lembrar. Todo mundo ainda dizia que ela se parecia comigo quando eu era neném e eu acreditava, dando mais veracidade às brincadeiras de mamãe e filhinha. Aquela boneca, a Laurinha, era tudo na minha pequena vidinha. Tinha um guarda roupa completo com peças da minha fase de bebê e era trocada frequentemente pela minha empregada Nicinha.
Um dia, na casa da minha avó, o telefone tocou. Era a Nicinha, falando para a minha mãe:
– Dona, roubaram o bebê!!!!!
– Que bebê, Nicinha, tá louca? Não tenho nenhum bebê!
– A Laura, Dona! Levaram a Laura!!!!
Minha mãe não me contou absolutamente nada. Começou a fazer discretas ligações.
O que tinha acontecido era o seguinte: no meu prédio morava uma louca, doida varrida, piradinha na maionese. Seu filho também era totalmente sem parafuso, dormia toda noite no depósito de lixo do prédio (sério, não é brincadeira!!). Nesse dia a Nicinha estava trocando a roupa da Laurinha quando a campanhia tocou. Ela abriu a porta e era a louca. Ao mesmo tempo o interfone tocou. Ela pediu para a mulher louca esperar um pouco e foi atendê-lo. Era o porteiro gritando histericamente para não abrir a porta para a louca! Bom, até aí bule… quando a Nicinha saiu da cozinha, lá se foi a louca com a Laurinha…
Nesse meio tempo eu não sei o que aconteceu direito. Só sei que, ainda sem saber de nada, cheguei no prédio e me deparei com um caminhão de bombeiros, duas viaturas da polícia, uma ambulância e uma multidão gritando “pula, pula, pula!”. Foi aí que no meio de toda a bagunça surgiu o policial correndo com um “bebê” enrolado no colo. Quando eu vi que era a Laurinha, chorei compulsivamente. A multidão aplaudia o policial enquanto ele entregava o bebê para a minha mãe.
A louca saiu direto para a ambulância e só Deus sabe que fim levou, ela e seu filho sumiram para sempre. Os policiais me contaram que ela estava colocando a Laurinha na banheira e dando mamadeira. Tiveram que arrombar a porta!
E então as viaturas foram embora, os bombeiros, a ambulância, a louca… e eu subi para casa com a incrível sensação de ter participado de um filme. Hoje não tenho mais a Laurinha, tive que tratar o trauma de me livrar dela na terapia e finalmente ceder… Mas até hoje toda a vizinhança se lembra do roubo do bebê. E há quem ainda não acredita em mim quando conto que era apenas a minha boneca!

Das coisas que só acontecem com a @micastino…
Adorei claro!!! 🙂