Então você olhou lá dentro dos meus olhos e me perguntou, tentando tirar de mim a resposta mais perfeita que eu pudesse elaborar:
– E se a gente se apaixonar de verdade?
Eu ri, sem saber muito o que te falar, sem querer dizer que se a gente se apaixonar, a gente foge junto pra Itália e fica lá vivendo só de amor e aventura, sem querer te dar uma resposta perfeita, porque perfeição e paixão não combinam. Então te digo assim, olha: se a gente se apaixonar, a gente vira uma história bonita. Dessas que foram feitas somente para serem contadas e nunca encenadas. Desses amores que ficam alheios ao tempo e à vida, desses que esperam que um dia, quem sabe, o futuro resolva. Desses amores que devem ser guardados pra outra vida, sei lá, deixa de tanto medo, de tantos dedos. Mania mais masculina essa de querer se pré proteger do que tem apenas potencial pra machucar. Machucar, todo amor machuca, meu bem, quer queira ou não. Meu coração também é de papel remendado, se a gente se esfolar, é fácil achar a borda cortada pra colar de novo. Se a gente se apaixonar de verdade, menino, a gente
resolve depois. Por enquanto só chega mais perto, me invade e me mostra o quanto dá pra amar, agora.
* Texto publicado no segundo livro Mundo Mundano, 2011.